AGRONEGÓCIO

Saiba quais são as tendências de mercado para arroz, soja e pecuária no ciclo 2024/2025

Análise do consultor Carlos Cogo foi destaque no primeiro dia da 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas

Publicado em: 22/02/2024 11:07
Última atualização: 22/02/2024 11:07

A análise dos cenários e tendências de mercado para as cadeias do arroz, da soja e da pecuária para o ciclo 2024/2025 foi um dos destaques do primeiro dia da 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que começou nesta quarta-feira (21) e vai até sexta (23) em Capão do Leão, no sul gaúcho.


Carlos Cogo fala em painel no primeiro dia da 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas Foto: Carlos Queiroz/Divulgação

A palestra foi do especialista Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, com moderação do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho. A Federarroz é a promotora da Abertura da Colheita.

Cogo abriu sua palestra falando sobre a mudança de hábitos alimentares no mundo, ocorrida basicamente por três fatores: mudança de consumo e urbanização, expansão populacional e aumento da classe média.

"Aumentou o consumo de frutas, legumes e verduras na Europa devido à estabilização entre nascimentos e óbitos em uma população mais envelhecida, além de carnes de frango e suínas", observou. Com o consumo de proteínas, ressaltou que houve a necessidade de aumentar a produção de grãos. Sendo assim, esse consumo de carnes e de grãos acabou alavancando o agronegócio brasileiro.

No caso da carne bovina, Cogo ressaltou que o consumo cresceu mais de 400% em uma década e o Brasil é responsável por um terço dessas vendas. "Os principais concorrentes, Austrália e Nova Zelândia, têm pouca área. Os Estados Unidos tiveram um déficit de rebanho e a Argentina tenta se recuperar de uma crise". Cogo acrescentou que 25% da carne exportada no mundo é brasileira.

Com relação aos grãos, o consultor disse que no Rio Grande do Sul o plantio de soja é o dobro da área de arroz e que o trigo voltou a subir como uma boa opção de segunda safra a exemplo do algodão plantado após a soja.

Já o feijão caiu pela metade e, o arroz, mais da metade devido ao El Niño. No entanto, Cogo afirmou que essa diminuição não chega a ser problema, porque arroz e feijão ajustaram a área plantada com a demanda de consumo. "A área diminuiu, mas a produtividade aumentou", ressaltou.

Por fim, o consultor apontou que o Brasil ainda precisa melhorar em alguns quesitos como irrigação e conectividade no campo. "O País irriga 8% da área plantada, ou menos de 9 milhões de hectares, sendo que há espaço para irrigar 47 milhões de hectares", observou.

O especialista disse que cerca de 70% das fazendas do País não têm acesso a nenhum tipo de rede de internet e que 51% da frota de tratores têm mais de 15 anos de uso, ou seja, é preciso melhorar esse processo de mecanização nas lavouras.

Novas oportunidades de mercado

O segundo painel do primeiro dia da 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas tratou da consolidação de mercados e novas oportunidades de negócios. Os painelistas foram o consultor de grupos empresariais no México, Guatemala, Honduras e Costa Rica, Ricardo Hahn, e o produtor rural Guilherme Gadret. O diretor de exportações da Federarroz, Juandres Antunes, foi o moderador.

Guilherme Gadret focou em quatro pontos que considera importantes na composição para bons resultados em termos de exportação: o volume nos últimos 15 e 5 anos; a evolução de preços em conjunto com as exportações; a competitividade brasileira; e as oportunidades.

Em relação ao montante importado por outros países, entre 2009 e 2023, 70% esteve concentrado em dez nações, que somaram 6,8 milhões de toneladas de um total de 8,2 milhões de toneladas. Da mesma forma, entre 2019 e 2023, os números se mantiveram os mesmos.

Em relação à evolução de preços e exportações, Gadret salientou que a linha de tendência do Cepea versus exportações são paralelas e levam para o mesmo destino, ou seja, não há uma interferência direta nos valores praticados com o ritmo das vendas para outros países.

O produtor rural enfatizou que, em termos de competitividade, “o Brasil melhorou bastante, especialmente no que se refere à estrutura portuária e à segregação de variedades, muito importante para a consolidação e conquista de novos mercados”.

Já o consultor internacional Ricardo Hahn apresentou dados que consolidaram o Uruguai como um exemplo de país exportador de arroz. Hahn afirmou que “os uruguaios não consomem muito arroz e, portanto, mais de 93% é exportado graças a um processo que vem dando certo há mais de 60 anos”.

São mais de 70 países que importam o arroz do país vizinho e que se mantêm fiéis graças às práticas de gestão e qualidade no manejo. “A qualidade é o nosso grande argumento de venda”, contou Hahn.

O consultor destacou que quando o negócio é concluído, o resultado econômico passa a ser secundário. Mesmo que o mercado do arroz tenha forte alta, o contrato é cumprido na sua totalidade.

“Entendo que este ponto é de fundamental importância para que os clientes voltem a comprar a mercadoria do Uruguai”, disse. Ele acredita que isso se constrói ao longo do tempo e que, além disso, a grande maioria dos produtores só utilizam sementes certificadas e têm desenvolvido e publicado um manual de boas práticas agrícolas. “Não é casualidade o Uruguai ser um país exportador”, finalizou.

A 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas é uma realização da Federarroz e correalização da Embrapa e do Senar, com patrocínio Premium do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

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