Daqui a duas semanas, o musicista Mateus Colares, 22 anos, embarca rumo a uma nova etapa de sua carreira. O destino é Londres: o jovem gaúcho foi aprovado para concluir a graduação em oboé na Royal College of Music. Mateus será o único brasileiro desta turma de bacharelado na instituição.
Desde os 14 anos, Mateus estuda oboé, instrumento de sopro que conheceu quando ingressou na Orquestra Universitária da Ulbra Canoas. Os anos de dedicação ao instrumento na Escola da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) o ajudaram a ser aprovado no vestibular da Universidade de São Paulo (USP) para cursar a graduação em música.
Caminho de mais de uma década na música
A trajetória de Mateus no estudo da música clássica iniciou quando ele tinha 10 anos. Ele começou com aulas de teclado e piano na escola Tom Maior, em Canoas – onde morou durante a infância e adolescência.
“Na minha família, ninguém é músico profissional, mas meu tio toca violão clássico. Uma vez ganhei uma revistinha sobre teclado e me interessei. Quando comecei as aulas, meu tio percebeu que eu levava jeito”, conta Mateus.
Depois de dois anos aprendendo a tocar teclado, ele passou ao violino, também incentivado pela família. “Na época, eu já escutava muita música clássica. Foi quando visitei minhas tias em Curitiba, e fiquei sabendo que uma prima minha tinha estudado violino. Ganhei o violino e comecei a tocar o instrumento”, lembra.
A habilidade no violino garantiu sua entrada na Orquestra Jovem Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), de Canoas. Lá, teve seus horizontes musicais ampliados. “Conheci mais instrumentos, e decidi que queria aprender oboé”, relata. Ingressou aos 14 anos na Escola da Ospa, de Porto Alegre. No seu último ano na Ospa, em 2019, Mateus recebeu o prêmio de Jovem Solista da orquestra.
Desde seus primeiros passos no aprendizado do oboé, ele sonha em estudar fora, mas, na hora de prestar vestibular, ainda não tinha condições para realizar o sonho. “Na época, eu não tinha como prestar a prova para universidades estrangeiras, porque não tinha o dinheiro para a viagem e ainda não tinha meu próprio oboé.”
De olho na carreira
Em 2020, Mateus foi aprovado para cursar bacharelado em Música, com especialização em oboé, na Universidade de São Paulo (USP). Na capital paulista, também começou a participar das orquestras Sinfônica de Guarulhos e da Experimental de Repertório de São Paulo.
A dedicação precisou ir além das partituras para chegar à aprovação na Royal College of Music. “Fui para Paris em 2023 fazer uma prova no Conservatório de Paris. Não fui aprovado lá, voltei e repensei minha estratégia para o Royal College”, conta.
Com a aprovação nas audições, Mateus precisou focar no aprendizado da língua inglesa para prestar a prova de proficiência. “Passei, tirei nota além do necessário”, conta. “É um grande sonho, eu sempre quis isso. Espero me desenvolver muito e pretendo buscar outras formações.”
Agora, o musicista vai concluir a graduação com bolsa integral na instituição inglesa. “Vai ser divertido e desafiador. A universidade tem uma comunidade internacional muito grande, e será uma boa oportunidade de representar o Brasil.”
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