POLÍTICA AMBIENTAL

Após eventos extremos de chuvas, RS terá gabinete permanente de crise climática

Medida irá trabalhar de forma semelhante ao que aconteceu durante a fase mais crítica da pandemia

Publicado em: 23/10/2023 18:40
Última atualização: 23/10/2023 18:40

O governo gaúcho anunciou nesta segunda-feira (23) a criação de um de um Gabinete de Crise Climática permanente. A medida é anunciada após o Estado ter enfrentado, apenas neste ano, quatro eventos extremos de chuvas, que causaram a morte de pelo menos 67 pessoas.


Proclima 2050 prevê redução de 50% nas emissões de carbono em menos de 20 anos Foto: Mauricio Tonetto / Secom

Seguindo uma organização semelhante à adotada durante a pandemia do coronavírus, o novo Gabinete terá como função concentrar as ações para eventos climáticos extremos, como chuvas e estiagens prolongadas.

No último evento climático extremo no Rio Grande do Sul, pelo menos 51 pessoas morreram em razão das chuvas. As vítimas se concentram no Vale do Taquari, região mais afetada em setembro. Meses antes, em junho, a passagem de um ciclone deixou 16 pessoas mortas.

Governador do Estado, Eduardo Leite, afirmou que as medidas tomadas nas duas ocasiões foram as possíveis. “Nas condições e nas estruturas que o governo tinha e tem para fazer o enfrentamento das situações climáticas fizemos tudo que estava ao alcance.”

Leite, contudo, reconheceu a necessidade de melhorar a estrutura de prevenção para condições climáticas extremas. “Precisamos avançar nessa estrutura, precisamos melhorar o sistema de monitoramento do Estado, para podermos proteger melhor nossa população”, afirmou. O governador ainda explicou qual será a função do novo Gabinete. “Ele vai ajudar a fazer essa governança, a rotina e os fluxos bem definidos para poder promover uma melhor integração e trabalhar os dados e as informações com a estruturação da política pública.”

De acordo com o governador, a decisão de lançar o comitê agora foi tomada para aproveitar o momento de normalidade no Estado. “O que estamos fazendo agora no momento sem um evento que demande esforços concentrados para uma localidade organizar o comitê de crise.”

Investimentos em prevenção

Uma das primeiras medidas anunciadas pelo governo estadual é a compra de um novo sistema de monitoramento meteorológico. Leite justificou a falta deste material nos eventos anteriores devido a questão fiscal gaúcha.

O governo já lançou um edital para a compra de novos radares que permitam previsão com mais precisão. Porém, ainda não há prazo para que a licitação dos equipamentos seja lançada e os mesmos comprados.

Política ambiental

O anúncio do novo gabinete não veio de forma isolada, já que ele fez parte da apresentação do Programa climático RS, o programa do governo gaúcho que visa reduzir em 50% as emissões de carbono até 2023 e neutralizar a totalidade das emissões até 2050.

Para alcançar essa meta, o primeiro passo anunciado pelo governo foi a assinatura de um contrato com o Iclei, uma associação mundial de governos locais e subnacionais que trabalha o tema da sustentabilidade.

O contrato de governança climática, de R$ 1,5 milhão, prevê que o Iclei fará o relatório das emissões de carbono do Estado. Há também a previsão de que os estudos apontem para a entrada do Rio Grande do Sul no mercado de carbono. “Aqui vamos trabalhar com o conceito de balanço de carbono já com vista da inserção dos estados do Sul e do Sudeste no mercado de carbono”, explica o secretário-executivo do Iclei América do Sul, Rodrigo Perpétuo.

O Proclima 2050 está dividido em quatro eixos: Redução, Mitigação, Adaptação e Resiliência. Os dois primeiros consistem justamente em encontrar modelos que tornem a economia gaúcha menos poluente, que envolve desde medidas de transição energética até incentivos para produção rural menos poluente, além de recuperação de áreas degradadas.

Já os outros dois eixos estão justamente ligados às medidas de prevenção a eventos climáticos extremos. É nestes eixos que está a criação do Gabinete de Crise, que deve contar com um Conselho de crise formado por secretarias, entidades públicas e privadas, universidades, federações e associações de municípios. Também é prevista a criação de um Conselho Científico para atuar junto ao Conselho.

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