Com apenas 18 anos, Vitor Schimmelpfenig já entra para a história do tradicionalismo da região. Na edição deste ano do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), principal competição artística do tradicionalismo gaúcho, ele se sagrou como o melhor dançarino de chula do Estado. Esta foi a primeira vez que o título da competição individual veio para a 30ª Regiao Tradicionalista (RT), sediada em Novo Hamburgo e que engloba 12 cidades.
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Natural de Taquara, Vitor começou a dançar muito cedo, antes mesmo dos 10 anos, mas naquela época sua atenção estava voltada para as danças tradicionais em grupo, mas não demorou para que a chula o impressionasse. “Depois dos nossos ensaios, tinha um ensaio de chula. Aí eu fiquei e olhei, e falei pra minha mãe ‘eu quero começar na chula’”, conta ele, que na época dançava na invernada Mirim no CTG Essência Gaúcha de Taquara.
A memória de Vitor remonta ao encantamento dele ao ver o sapateado desenvolvido pelos dançarinos. “Quando eu vi aquele ensaio de chula, meu olho brilhou. A habilidade de sapatear, o que o pessoal fazia dançando na lança, que ali me chamou muita atenção.”
Vindo de uma família totalmente ligada ao tradicionalismo, Vitor precisou ouvir uma recomendação da mãe. “Minha mãe disse que só poderia começar na chula depois que tu está aprendendo as danças na invernada.”
Vitor então cumpriu a orientação materna, mas logou deu primeiros passos na dança que se tornou sua paixão. Ele conta que sempre buscou vídeos no Youtube de outros vencedores, além de acompanhar as provas da modalidade.
Dedicação e um objetivo
Ser campeão da dança no Enart não era apenas um desejo, mas um sonho que Vitor sabia que poderia alcançar. Depois de algum tempo dançando no CTG Essência Gaúcha, ele e família se mudaram para Campo Bom em 2017, onde Vitor entrou para o grupo de dança do CTG Guapos do Itapuí.
“Era um CTG que eu tinha muita admiração, aí eu vim pra Canto Bom e fui dançar no Guapos, mas ali eu já dançava chula.”
Foi pelo Guapos do Itapuí que ele participou do seu primeiro Enart em 2022, quando dançou com o grupo e também disputou as provas de chula. Em sua estreia, Vitor encerrou a competição em terceiro lugar.
Embora pudesse ser considerado um bom resultado para um estreante, Vitor não ficou satisfeito e decidiu focar toda sua atenção na modalidade. Para se dedicar integralmente, ele deixou o grupo de danças do Guapos e começou uma rotina diária de ensaios. “Abri mão do grupo para focar no meu sonho, para focar no meu objetivo, para focar no que eu queria, que era ser campeão.”
Deixar o grupo de dança foi uma aposta arriscada, mas apenas isso não era suficiente para a vitória. Por isso, todos os dias, nesse período de um ano, Vitor ensaiava os passos da chula nas dependências do CTG. “Segunda ensaiava uma hora, uma hora e meia. Em sábados e domingos também ensaiava. Eu abri um monte de muita coisa. Eu passava passo por passo, aperfeiçoava assim o máximo, estava buscando a perfeição dos meus passos.”
Coordenador da 30ª RT, Carlos Moser demonstra admiração pelo trabalho desenvolvido pelo dançarino nesse período. “O Vitor abriu mão de um grupo de danças de ponta para trabalhar durante um ano todo a preparação para o Enart”, reconhece, sem esconder a admiração, o coordenador.
Moser ainda destaca como a categoria de dança exige dos competidores. “A modalidade chula tem sua importância singular, é individual, onde a dedicação, o esforço e a perseverança dos chuleadores prevalece para a conquista de vitórias.”
Histórico
Mesmo sendo muito jovem, Vitor entende a relevância que a sua vitória tem para o tradicionalismo da região. “É um marco para o Guapos, um título inédito para o CTG e para mim, para a minha história na chula”, resume, ressaltando a importância que o troféu de campeão tem para ele. “Esse aqui não é só um troféu, eu danço chula há oito anos, então esse aqui, esse troféu, esse título é o marco de toda minha caminhada.”
Moser acredita que a vitória de Vitor será um importante incentivo para atrair mais pessoas para essa modalidade. “Pela primeira vez, a 30ª região conquista o primeiro lugar na modalidade chula, ela vem crescendo sobremaneira, conquistando adeptos e se tornando essencial dentro das atividades artísticas da 30ª região.”
Sem pretensões, ao menos agora, de voltar a dançar em grupo, Vitor espera que a vitória no Enart também lhe traga mais oportunidades dentro do tradicionalismo. “Dou aula, e está abrindo agora muitas portas.”
Em paralelo à atividade de professor, ele segue a preparação para novas competições. “Quero buscar defender meu título e buscar talvez um bicampeonato ano que vem. E no início do ano tem o Rodeio da Vacaria, que acontece de dois em dois anos. É um rodeio de extrema importância, igual ao Enart, que eu estou me preparando. Agora já vou começar a ensaiar”, finaliza.
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