LITORAL NORTE

De ícone a "perda tremenda": Como fica o futuro da Plataforma Marítima de Atlântida após desabamento

Segundo a prefeitura, investimento necessário é de R$ 5,7 milhões para a revitalização

Publicado em: 18/10/2023 08:00
Última atualização: 22/12/2023 15:37

Após o desabamento de parte da Plataforma Marítima de Atlântida, que ocorreu na madrugada deste domingo (15), a Associação dos Usuários da Plataforma Marítima (Asuplama), a prefeitura de Xangri-lá e a população da praia do litoral norte gaúcho vivem momentos de indefinição sobre o futuro da estrutura.


Não houve vítimas Foto: David Castro/ESPECIAL

Segundo a administração municipal, o investimento necessário é de R$ 5,7 milhões para a revitalização. Além do dinheiro, por pertencer à Superintendência de Patrimônio da União, é necessário passar por etapas jurídicas para que a manutenção possa finalmente ser realizada.

Nesta terça-feira (17), a administração municipal informou que se reunirá com o MPF nesta sexta (20) para debater medidas emergenciais para a plataforma. Enquanto isso, o píer permanece completamente interditado.

Um ícone

Por mais de 40 anos, a estrutura serviu como ponto de encontro de jovens, praticantes de esportes como surf, e também para pescadores, associados ou não. “A plataforma é um ícone”, conta o presidente da Asuplama, José Luiz Rabadan. “No litoral norte, é o centro das atenções.”

Com mais de 30 mil turistas por ano, o lugar se estende por 280 metros sobre o mar, sendo também ponto de observação da vida marinha. De lá, é possível ver baleias que, ao se deslocar para águas mais quentes, por vezes passam por baixo das estruturas. Outros animais podem ser avistados, como lobos marinhos, tartarugas e pinguins, segundo a Asuplama.

De acordo com Rabadan, o espaço "desenvolve a região". "Todos esses condomínios, mais de 40 condomínios de alto padrão, [estão aqui] muito devido ao píer.”

O presidente da associação lembra ainda como o local é citado como ponto de referência em propagandas. Uma das seis plataformas existentes no País, “ela sempre chamou muito a atenção das pessoas”, até para moradia. A estrutura, durante a alta temporada, recebe a visitação de 500 pessoas por dia.


A plataforma existe há mais de 40 anos e é centro das atenções Foto: Asuplama/Divulgação

Uma perda “tremenda”

Enfrentando problemas por conta de ressacas que geraram ondas de mais de quatro metros de altura, a Asuplama tenta manter o local em funcionamento desde 2016, de acordo com comunicado da associação.

“Eu acho que isso é uma perda para a população, tremenda”, afirma Rabadan. Ele lembra da importância da estrutura para a economia da cidade, com o turismo e a criação de empregos. Além disso, muitos associados utilizam o local como fonte de alimentação. O presidente conta como muitos vão até lá, após o trabalho, para pescar, limpar os peixes e levar para casa. “Esse pessoal também fica afetado”, expõe.

A Asuplama também tem funcionários que dependem da plataforma. O presidente relata que será um desafio conseguir manejar a perda de renda que virá a seguir, durante o período de indefinição. “Uma coisa que temos que buscar logo é uma definição sobre o nosso futuro”, pontua.

Com o desabamento, a plataforma foi interditada completamente, impedindo a passagem em todas as rampas de acesso. “Para nós é muito ruim, porque a nossa secretaria funciona ali.”

Rabadan explica que a arrecadação depende de ter funcionários no local e dos sócios conseguirem chegar até a portaria, também para recuperarem seus pertences, conseguindo, assim, pescar em outros locais.

Os próximos passos

A Asuplama pensa agora nos próximos passos. O primeiro, de acordo com o presidente, é conseguir recuperar o acesso à estrutura, assim como da região de Espigão, que “não oferece riscos”, mas precisa passar por laudos técnicos.

Enquanto isso, para que os sócios possam ter um local apropriado para a prática de pesca, a Plataforma de Tramandaí ofereceu as suas instalações. Todos que mantiverem os pagamentos em dia poderão ter acesso. “Foi uma benevolência que eu agradeço muito”, conta.

Nas redes sociais da Plataforma de Atlântida, o presidente da estrutura de Tramandaí, Hélio de Camillis, afirma que “se solidariza aos sentimentos tristes do acontecimento”.

Já a reconstrução do píer “é um passo futuro”. Segundo Rabadan, é necessário resolver as liberações primeiro, mas que o objetivo final é conseguir dar início às obras para a manutenção das áreas danificadas.

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