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1º DE MAIO

Dia do Trabalhador é comemorado com inclusão de jovens em Canoas

Andrei e Nicolas trabalham há quase dois anos em empresa de logística e buscam mais espaço no mercado de trabalho

Juliano Piasentin
Publicado em: 01/05/2023 às 11h:12
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“É maravilhoso observar o crescimento diário e a felicidade em fazer o que ele gosta.” A frase é da professora aposentada Zelmira Leonel Favero, 56 anos. O filho dela, Andrei Leonel Favero, 28 anos, é autista e há um ano e seis meses trabalha na controladoria de uma empresa do ramo logístico em Canoas.

“Sempre chega animado e com uma história diferente para contar”, explica a cabeleireira Cleuza Silva, 49 anos. Ela é mãe do jovem Nicolas Roberto da Silva Felisberto, 23 anos. Ele também trabalha há mais de um ano na mesma empresa de logística.

Nicolas trabalha na montagem de tratores



Nicolas trabalha na montagem de tratores

Foto: PAULO PIRES/GES

O que as duas mães têm em comum além dos filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que trabalham na mesma firma? O amor, dedicação, protagonismo e liberdade que oferecem à dupla Andrei e Nicolas.

Sonhos em andamento

Atuar na controladoria não é a primeira experiência profissional de Andrei. Ele já havia trabalhado como empacotador em uma rede de supermercados e também em uma empresa no ramo da alimentação. No entanto, atualmente o ex-aluno do Colégio La Salle está onde sempre quis. “Gosto muito de trabalhar com o computador. Preciso manter tudo sob controle para que a empresa fique firme.”

A área da informática é realmente um sonho para o aprendiz. “Sempre esteve muito ligado ao computador e digitação”, conta Zelmira. Para o futuro, há a possibilidade de seguir estudando. “Ele dizia que não iria para a faculdade enquanto não soubesse o que mais gostava. Agora já descobriu.”

Quem também está realizando um sonho é o jovem Nicolas. O ex-aluno da Associação Pestalozzi é um entusiasta da mecânica. “Quero seguir me especializando nessa área.” A felicidade de hoje contrasta com os primeiros passos na escola. “Antes de ir para o Pestalozzi, estudou em um colégio regular e não se adaptou. Chamavam ele de louco.”

Com a oportunidade da Pestalozzi, Nicolas trabalha na área de montagem e fiscalização dos tratores transportados pela empresa. Os próximos objetivos estão definidos. “Atuar na parte da pintura e dirigir um trator.”

Manter uma rotina é fundamental

A rotina é fundamental no dia a dia de Andrei e, segundo Zelmira, isso se torna um desafio diário. “O começo dele no trabalho foi preocupante para nós. Eu e o pai dele nos preocupamos bastante. Pais, sabe como é”, afirmou a mãe.

Para chegar na empresa, Andrei usa o transporte público. “Venho de trem todos os dias. Minha mãe me leva até a estação”, conta o morador do bairro Niterói. A caminhada até o serviço é longa e deixa Zelmira apreensiva. “Sempre quando ele chega me envia uma mensagem. Avisa que está bem e junto o horário.”

O problema do trem é apenas um conforme a mãe do aprendiz: “Quando está muito cheio. Ele fica muito agitado, nervoso. Não gosta de surpresas e já organiza tudo no dia anterior.”

Futuro na empresa

A oportunidade na linha de montagem não é a primeira experiência profissional de Nicolas. Ele já foi caixa de supermercado e trabalhou também na secretaria da Associação Pestalozzi. Morador do Guajuviras, o jovem vai até a empresa de carona com o pai e já pensa na efetivação. “Gosta muito de trabalhar e interagir com os colegas. Esperamos que seja efetivado”, avalia Cleuza, mãe do aprendiz.

Para isso, Nicolas continua se esforçando e é sempre pontual. “Ele trabalha a partir das 13h30 e está sempre pronto”, diz a mãe. Sobre a área na mecânica, o jovem afirma não ter preferência. “Importante é estar aqui. Aprendo muito todos os dias”, completa.

Inclusão na escola e no local de trabalho

A educadora social e vice-presidente da Associação Pestalozzi, de Canoas, Patrícia Faleiro, reitera a necessidade de mais profissionais como Andrei e Nicolas no mercado de trabalho. “Muitas vezes faltam conhecimentos, principalmente sobre a deficiência intelectual.”

Patrícia assegura que quanto mais estimulados, mais confiantes e independentes os jovens serão. “Na Pestalozzi estimulados os alunos desde a infância. Isso ocorre pelo fato das famílias não esconderem a deficiência de seus filhos.”
Além da questão familiar, a educadora esclarece que a preparação das empresas é fundamental. “Procuramos firmas em Canoas, Porto Alegre e Esteio, que já atuem com a inclusão.”

Esse é o caso da Atrhol, empresa onde trabalha a dupla Andrei e Nicolas. “Começamos em 2020, ano da pandemia. Por essa razão que os dois são os primeiros profissionais da inclusão a trabalhar conosco”, explica a responsável pelo RH, Bárbara Zucolotto.

Bárbara confirma que no início houve receio, mas que a adaptação e resultado estão sendo excelentes. “Conseguimos ver a evolução e eles estão evoluindo muito.” Para receber os aprendizes, houve uma preparação com os colaborados. “O Andrei e o Nicolas foram recebidos muito bem.”

A responsável pelo RH reitera que a empresa não abriu as vagas pensando nas cotas, já que as oportunidades foram abertas antes de uma cobrança. “Nos antecipamos. Fizemos isso para poder ter essa experiência e aprendizado. Também proporcionar essa possibilidade para a comunidade.”

Os aprendizes podem atuar por dois anos na empresa, após esse período eles permanecem em caso de efetivação. “Estamos gostando e vamos avaliar como será o restante do contrato.”
Desde 2010 em Canoas, a empresa é responsável pela montagem e logística de tratores.

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