SAÚDE

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: Montenegro é exemplo em livro-reportagem sobre o tema

Entenda como o município mudou o cenário de doações em poucos anos

Publicado em: 19/01/2024 16:56
Última atualização: 19/01/2024 17:00

Na atualidade, segundo o Ministério da Saúde, mais de 40 mil pessoas no Brasil aguardam por um órgão para transplante. O Rio Grande do Sul é o 7º estado com mais pessoas em espera, sendo um total de 1830. O transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para quem precisa da doação.

Entrega do livro em MontenegroArquivo pessoal
Formação com profissionais do Hospital de MontenegroArquivo pessoal
Capa do livroArquivo pessoal

 

Montenegro é um exemplo de que a realidade de um município pode ser mudada com a força da comunidade. Em um tema tão sensível e importante quanto a doação de órgãos, em 2017, a cidade não tinha nenhum doador.

A partir de 2018, o volume de doadores chegou a 62% em menos de dois anos. Essa transformação ocorreu após um movimento articulado no município entre o projeto Cultura Doadora e o hospital a partir de 2018, somado com gestores, empresas, sociedade e a mídia local.

Um dos fatores essenciais para esse sucesso foi a criação da Cihdott no hospital, credenciando a instituição a estar preparada para dialogar com familiares e após o consentimento, assegurar a doação e captação de órgãos.

"Em 2017, com incentivo e apoio da Fundação ECarta de Porto Alegre, com o projeto Cultura Doadora, juntamente com a nefrologista do hospital na época, Dra. Tatiana Michellon, foi formada a comissão e passamos a atuar internamente e fora da instituição a partir dos objetivos previstos em lei. Com o trabalho, foi rapidamente percebida uma mudança em relação aos números de doações de órgãos passando de zero para mais de 60%", atesta a psicóloga da Cidhdott do Hospital Regional de Montenegro, Carla da Silva Giuliani.

Papel do Cultura Doadora

O Cultura Doadora, projeto da Fundação Ecarta desde 2011, visa fomentar a doação de órgãos. Com mais de 11 anos de atuação, formou uma rede de parceiros em todo o país, concentrando esforços em aumentar o número de transplantes.

Utiliza diversas abordagens, como palestras, campanhas e formações online, para sensibilizar a sociedade. Experiências bem-sucedidas, como em Montenegro, inspiram outros municípios, como Campo Bom, destacando o impacto significativo do Cultura Doadora.


Livro-reportagem

Na segunda-feira (15), a direção do Hospital de Montenegro 100% SUS recebeu uma comitiva da Fundação Ecarta para a entrega do livro-reportagem "Corrida contra o tempo – O que compromete a doação de órgãos e a eficiência do sistema de transplantes no Brasil".

Um dos capítulos da publicação trata do município de Montenegro como um exemplo de como a sensibilização para o tema transforma a realidade de uma comunidade inteira.

A obra, focada no Rio Grande do Sul, revela lacunas como a insuficiência de Organizações de Procura de órgãos (OPOs), ausência do tema nos currículos de saúde e a necessidade de uma política de Estado. A publicação já foi entregue em hospitais, incluindo Montenegro e Vacaria. O livro busca sensibilizar a sociedade sobre a doação de órgãos e o funcionamento do sistema de transplantes.

Estas e outras informações são detalhadas no livro lançado no final de 2023, editado pela Fundação Ecarta que mantém o projeto Cultura Doadora há 11 anos para contribuir com a causa e articular melhorias no sistema público de transplantes, o maior do mundo.

O livro foi produzido por uma equipe de jornalistas liderados por Valéria Ochôa com reportagem de Stela Pastore, Gilson Camargo e Igor Sperotto. A publicação pode ser adquirida na loja da editora www.cartaeditora.com.br

 

Como ser doador de órgãos?

Para ser doador, não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos o desejo de doar. “Hoje, no Brasil, para que alguém seja um doador de órgãos após a morte é preciso a autorização da família, a qual será entrevistada após a finalização do protocolo e a certificação do óbito, tendo a oportunidade de autorizar ou não a doação”, explica Carla da Silva Giuliani.

 

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