O vai e vem de máquinas e caminhões e as centenas de montes de entulhos que se acumulam nas ruas dão a dimensão do tamanho do trabalho de limpeza que São Sebastião do Caí ainda tem pela frente. O sábado de sol está sendo de muita movimentação pela cidade que teve 80% do seu território devastado pela enchente do Rio Caí há uma semana. A marca histórica de 16 metros, nunca antes registrada em 148 anos, ainda pode ser vista na maioria dos imóveis do bairro Navegantes, um dos mais atingidos.
O município conta a ajuda de maquinário e mão de obra das prefeituras de Portão, Tupandi, Novo Hamburgo, Estância Velha e São José do Hortêncio, além de diversas empresas locais e vizinhas que colocaram seus veículos à disposição.
Além disso, o 6.º Batalhão de Engenharia do Exército de São Miguel, também ajuda no serviço de remoção dos entulhos. São pilhas e pilhas de móveis, colchões, eletrodomésticos e roupas destruídos pela cheia. Há vias públicas bloqueadas para que as máquinas possam operar e diversas ruas com fluxo lento por conta do trânsito dos veículos pesados.
O cabo Leonardo Rodrigues Rodrigues, 23 anos, conta que o batalhão esteve durante 45 dias em Muçum e agora teve oito homens cinco veículos deslocados para auxiliar em São Sebastião do Caí. O grupo chegou na quarta-feira. “É muito triste essa situação. A vida da gente muda totalmente depois de acompanhar isso”, comenta.
Com a ajuda de sete familiares que vieram de Porto Alegre, Bibiani Berwanger Cislaghi 43, intensificou a limpeza da sua casa. De acordo com ela, a enchente, quando era alta, costumava alcançar a marca de um tijolo. Desta vez, destruiu tudo o que havia dentro do imóvel. Parte do que estragou foi depositado na calçada, sendo que a maioria dos móveis ainda precisava ser removido para o monte de entulho. Ela conta que além da casa, perdeu o salão de depilação e um trailer que fazia lanches. O assoalho da casa ruiu. “Não tem mais como morar aqui. Talvez eu feche a garagem para ficar lá. Não tenho nem palavras”, desabafou.
Morando mais próximo do rio, na Rua São João, próximo ao lugar conhecido como “curva do cotovelo”, o casal Neli Gonçalves, 64, e Alfeu Soares Nogueira, 66, pensa em encontrar outro lugar para viver. Somente a cumieira do telhado da moradia escapou da enchente. Acostumados com a cheia, se surpreenderam com o que aconteceu desta vez. “A minha máquina eu consegui levar quando a prefeitura veio tirar a gente. Mas o resto, estragou tudo”, conta Neli.
A região é uma das mais carentes da cidade e se acumulam barracos destruídos. Inclusive, uma casa que ficava nos fundos de um terreno foi arrastada pela força das águas e parou na beira da rua. “Nem vou mais comprar móveis. Só vou colocar prateleiras. Eu quero ir embora daqui”, finaliza Neli.
Foi criada uma chave PIX oficial da prefeitura exclusivamente para receber doações em dinheiro, para os atingidos pela enchente, CNPJ: 88370879000104, beneficiário Município de São Sebastião do Caí.
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