63ª EDIÇÃO

Final de semana em Canela será dedicado para a devoção em Nossa Senhora de Caravaggio

Expectativa é que, até o domingo (28), cerca de 100 mil pessoas passem pelo santuário do bairro Saiqui; confira a programação

Publicado em: 26/05/2023 03:00
Última atualização: 26/03/2024 17:12

Está tudo pronto para o início da 63ª edição da romaria e festa em honra a Nossa Senhora de Caravaggio. Em Canela, o feriado desta sexta-feira, dia 26, deve reunir milhares de fiéis no santuário dedicado à santa, no bairro Saiqui. De hoje até o domingo, dia 28, a expectativa é que de 80 a 100 mil pessoas circulem pelo local e participem das celebrações religiosas.

Elia, Alicya e Dhiellen são devotas de Nossa Senhora de Caravaggio Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Em um momento de muita fé e devoção, a tradicional Romaria a Pé sai da Catedral de Pedra, às 8 horas. Caminhando em silêncio, agradecendo ou pedindo graças, os romeiros seguem um trajeto de sete quilômetros pelas ruas da cidade. No sábado, é a vez da Romaria dos Jovens e Jornada Diocesana da Juventude, com saída às 8 horas, também da matriz. Por fim, no último dia, a Romaria Motorizada e de Ciclista parte em direção ao santuário às 9 horas. Nos três dias, após a chegada dos fiéis, há missa campal.

 

Festeiros

Tatiane e Mari são festeiras da 63ª romaria e festa em honra a Nossa Senhora de Caravaggio Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Tudo é organizado por um grupo de festeiros, que, nesta edição, é composto por 20 pessoas, incluindo o casal Lauro e Ieda Drechsler, que há mais de 20 anos cuida do Santuário de Caravaggio. A festeira Tatiane Reis Port, de 35 anos, desde os 11 se envolve nas ações. “Essa tradição e devoção passam de geração em geração, e as graças também. A gente consegue sentir a fé das pessoas e é algo muito tocante. Na minha caminhada, a cada ano, a gente vai sentindo e vendo que é uma renovação diferente”, cita.

“Eu recebi muitas graças de Nossa Senhora e a minha avó teve um milagre muito forte. Ela veio a pé rezar o terço e, quando chegou no santuário, lembrou que tinha deixado uma chaleira com água fervendo no fogão. Ela fez o pedido para a santa e voltou para casa, horas depois. Quando chegou em casa, a chaleira ainda estava cheia de água. Eu cresci sentindo a Nossa Senhora agir. Trabalhar para ela na festa é o mínimo de agradecimento”, pondera.

Pela primeira vez trabalhando na celebração, Mari Ferreira, de 45 anos, diz que tem uma longa história de fé com Nossa Senhora. “Eu tenho lembrança de participar da procissão a pé desde os 9 anos. É um dia sagrado na minha família”, destaca.

Preparação

A preparação espiritual para o Dia de Nossa Senhora de Caravaggio começou em 26 de março, com a Procissão Luminosa. Durante o mês de abril, os festeiros fizeram visitas em todas as capelas de Canela, assim como em comunidades das cidades vizinhas, como Gramado, Três Coroas, Igrejinha e Nova Petrópolis, convidando os fiéis para a festa.

Nesta sexta-feira, termina o período de novena, que começou em 17 de maio. A celebração desta noite ocorre às 19h30, e terá conduzida pelo padre Marco Antônio Leal, da Catedral São Luiz Gonzaga, de Novo Hamburgo.

Santidade

Padre Luciano Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
O coordenador pastoral, o padre Luciano de Almeida, pondera que durante os três dias de festa haverá adoração ao Santíssimo, oração do terço e confissões. "Essas devoções são justamente para reforçar o desejo pela santidade, pois os santos são modelos de vida cristã que nós somos convidados a seguir. No caso da Virgem Maria, esse modelo é elevado porque ela é sem pecado. Nós, cristãos católicos, temos muito amor porque cremos na maternidade espiritual dela. Ter um dia ou um tempo específico de honra é também um tempo de honra a Deus", destaca o religioso.

"Ajoelho toda noite e agradeço"

Dhiellen, Alicya e Elia fazem romarias todos os meses até o santuário de Canela Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
"Eu sempre fui devota, desde pequena. Sempre fiz promessas". E é com toda essa fé na santa que a gramadense Elia Novello de Moura, de 60 anos, leva a vida. Assim, agradece por muitas graças e milagres alcançados.

O mais forte deles foi na segunda gestação. Existia a possibilidade da filha mais nova, Dhiellen Novello, de 27 anos, nascer com deficiência. Foi, então, que ela pediu a intercessão da santa. "A minha primeira gravidez foi difícil, passei muito mal, e tinha medo de engravidar de novo", destaca. Por isso, por 16 anos tomou contraceptivos. Mesmo assim, descobriu a nova gestação.

"Eu fiquei apavorada. Fazia tratamento para crises de convulsão e o remédio não podia ser tomado por mulheres grávidas. Como eu não sabia da gravidez, segui tomando por algum tempo. Não imaginava que ia engravidar", pondera. "As pessoas começaram a dizer que a Dhiellen ia nascer com deficiência, a própria médica me disse isso", completa.

Buscando refúgio em sua devoção, Elia foi até o Santuário de Caravaggio. "Eu nunca vou esquecer. Em uma quarta-feira de tarde, eu me joguei na frente da santa e comecei a conversar com ela. Pedi para ela me ajudar para que a minha filha não tivesse nenhuma doença. Eu falei que traria a Dhiellen a pé até o santuário no primeiro ano de vida dela", recorda.

Com a graça alcançada e a filha saudável, em 26 de maio de 1996, a promessa foi cumprida. Elia saiu de casa, no bairro Dutra, e caminhou por cerca de 14 quilômetros até chegar ao Saiqui. Ela estava acompanhada da filha mais velha, Karina, hoje com 44 anos, e com Dhiellen no colo. "Eu me apeguei tanto com a santa que comecei a fazer as caminhadas até o santuário várias vezes por ano. Eu encontro aqui um lugar que me sinto bem", frisa.

Nossa Senhora de Cavaraggio também tem lugar especial na casa. Um altar na frente da residência foi montado. "Tenho uma santa no meu quarto, eu me ajoelho toda noite e agradeço a ela", reforça.

Hoje, as romarias ganharam mais adeptos como a neta, Alicya, de 13 anos, que já virou companhia. "A gente acredita que tudo o que acontece tem sim o dedo da santa. Viemos no santuário todos os meses. Gostamos de vir, ficar aqui", acrescenta Dhiellen, contando que as visitas se intensificaram no período da pandemia. "A gente vinha pedir proteção para a família. Era uma maneira de, no meio do caos, nos sentirmos melhor", frisa.

"Por muito tempo eu não entendia o sentido de vir ao santuário, mas depois eu entendi que tenho que ser grata a ela. Que, se eu estou com saúde, foi por causa da ajuda da santa. Também comecei a pedir por bênçãos e agradecer. Sempre fui atendida, segui os passos da minha mãe", salienta.

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