SERRA GAÚCHA

CATÁSTROFE NO RS: Dois edifícios e uma casa são evacuados na área central de Gramado; entenda

Remoção de moradores é preventiva e ocorre após movimentação de terra; barranco tem sinais de deslizamento

Publicado em: 08/05/2024 20:14
Última atualização: 08/05/2024 20:14

Moradores da área central de Gramado acompanham com apreensão a interdição preventiva de três imóveis, sendo dois edifícios residenciais e uma casa. Um bloco de um prédio na Rua Carlos Nelz foi evacuado na sexta-feira (3), após apresentar movimentação.

Deslizamentos de terra são registrados atrás de estrutura no Centro Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a Prefeitura, uma casa e outro edifício foram interditados e evacuados de forma preventiva, na Rua Garibaldi, também na sexta-feira. Por terem caráter preventivo, não constam nos boletins oficiais emitidos diariamente pelo Executivo.

O risco apontado pelas autoridades se deve à movimentação de terra que ocorre no local. Durante o final de semana, com a chuva excessiva que atingiu a região - foram quase 500mm de precipitação, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) -, água e barro constantes eram vistos escorrendo pela Garibaldi.

Na tarde de terça-feira (7), uma lona foi colocada nos fundos das construções. O objetivo é prevenir que o terreno fique mais encharcado, com a previsão de temporais e chuvas a partir desta quarta-feira (8).

Conforme apurado pela reportagem do ABCMais, a área do barranco se movimenta, com constantes rachaduras e quedas de barreiras. O muro dos fundos e uma parede da casa foram derrubados. Água e lama acabaram invadindo a casa.

Os moradores das duas estruturas da Garibaldi foram autorizados no início da semana, pela Defesa Civil, a retirar móveis e pertences pessoais. A área é constantemente vigiada pela Secretaria do Meio Ambiente, Defesa Civil e geólogos, que analisam a situação dos terrenos. Laudos são elaborados pelas equipes técnicas.

"A ligação entre um bloco e outro teve movimentação"

Nathalia Evelyn morava com uma tia e a filha de 6 anos no prédio localizado na Carlos Nelz. Ela recebeu o comunicado de evacuação na sexta-feira, no final da tarde. A Defesa Civil havia feito uma avaliação no local. "Perguntamos se era perigoso ficar lá e disseram que quem tinha para aonde ir, era melhor sair, porque as chuvas não pararam ainda e podia ser perigoso", comenta.

Nathalia juntou seus pertences e, de forma imediata, saiu de casa. Quando descia as escadas, o elevador foi desativado. "Na quarta e quinta sentimos tremores, mas não sabia se era o elevador, pois morava no último andar, onde tinham as máquinas. Senti tremores à noite nos dois dias antes da evacuação. E isso passou a ocorrer, essa vibração nos corredores e janelas, após as chuvas", pontua.

Ela é formada em Arquitetura e percebeu movimentação e rachaduras na estrutura do bloco. "A ligação entre um bloco e outro teve uma movimentação, abriu uma fenda no corredor. Todo o prédio tem a junta de dilatação e ela estava com a abertura maior do que o normal. Isso observei pois trabalhava com isso e trabalhei muitos anos em construção de prédio", diz.

De acordo com a moradora, que residia no quinto andar, ao descer até o segundo, para pegar o carro, observou que nos três pavimentos a fenda estava aberta, não apenas no piso. "Estava também nas paredes e subindo para o teto, tanto que descemos e não quis subir para pegar mais nada", relembra.

A Defesa Civil autorizou a retirada dos pertences de todos os moradores do prédio nesta quarta-feira, até as 16 horas. Após, com a previsão de chuva, a entrada retornou a ser proibida.

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