DIA DO PROFESSOR: Docente de Gramado fala sobre os desafios e a missão de ensinar

Por uma missão e com um dom. É assim que a Marcia Bianchi Marques, de 52 anos, encara a profissão. São 33 anos dentro de salas de aula. Com a vida dedicada a ensinar, ela se diz apaixonada pelo que faz. No domingo, dia 15, será a data para celebrar o dia da Marcia e de todos os professores.

Foi então que descobriu que gostava de passar conhecimento para quem quer que fosse. Antes mesmo de se formar, começou a atuar com crianças da educação infantil e, desde então, fez das escolas seu local de trabalho. Natural de São Leopoldo, a professora é servidora pública de Gramado desde 2004.

Para Marcia, a rotina sempre foi de jornada dupla e, por alguns períodos, até tripla de trabalho. Além do Município, ela cumpre também um concurso pelo governo do Estado, onde dá aulas pela manhã na escola Adolfo Seibt, em Canela. À tarde, está com a garotada do 5º Ano da Presidente Vargas, no bairro Avenida Central.

Aulas de Matemática

Para deixar tudo mais dinâmico, jogos e projetos são recursos utilizados. “Sempre trabalhei muito com o lúdico para que eles gostem das aulas. Demanda muita pesquisa, tempo de preparo. A vida do professor é assim”, resume Marcia, que está há 5 anos na Presidente, mas ficou por 14 na escola Nossa Senhora de Fátima, na Vila do Sol, no bairro Várzea Grande.

Atualmente, tem uma brincadeira com os alunos para que eles possam superar seus próprios recordes. Aprendendo a tabuada, ganha uma estrelinha quem acerta o maior número de contas e em menos tempo.

A regra é que eles precisam fazer mais rápido a cada atividade. E tem funcionado. Uma das alunas realizou 15 cálculos de multiplicação em 19 segundos. “É uma forma de incentivar que eles estudem e que possam se desafiar”, explica.

Conquistar os alunos

“Acredito que a nossa missão é fazer com que as crianças descubram seus talentos, habilidades, que acreditem que são capazes”, reforça a professora. “Me sinto realizada cada vez que um aluno aprende a ler, a calcular. Fico realizada quando começo a dar aula para filhos de ex-alunos, quando eles me reconhecem na rua e lembram de mim com carinho”, complementa.

Dentre as principais conquistas, a professora cita a criação de dois Departamentos de Tradições Gaúchas (DTGs) em escolas e diversos projetos já concluídos, como um livro de receitas saudáveis.

Outra feliz lembrança é de quando trabalhou com a Educação de Jovens e Adultos (EJA). “São pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar antes e dão muito valor a isso. Cada coisa que aprendiam tinham gratidão. Isso marcou muito a minha vida”, reforça.

Apesar de amar o que faz diariamente e de afirmar que vai sentir falta, Marcia está encerrando a carreira. Pretende trabalhar até o final deste ano e depois vai descansar e passar uma temporada na praia com o marido. “É desgastante ser professor e não estou falando em estar com as crianças, mas toda a preparação antes da sala de aula. São planilhas, sistemas para abastecer e isso rouba bastante do nosso tempo”, aponta.

Sobre o que é ser professor, ela pontua: “Não adianta ter todas as técnicas, conhecer todas as metodologias, isso é importante, mas se não tiver um olhar de carinho com as crianças, de nada adianta, é preciso conquistar os alunos”, finaliza.

Comprometimento dos profissionais

Conforme a Secretaria da Educação, Gramado tem cerca de 800 professores na rede municipal. “Temos um quadro de profissionais muito qualificado e não só em termos técnicos, mas também de muito comprometimento, de colocar emoção e de ter preocupação com o aprendizado. Isso faz toda a diferença para as nossas crianças”, destaca a secretária da Educação, Simone Tomazelli.