PREVENÇÃO

Mutirão contra a dengue vai percorrer bairros de São Leopoldo a partir desta terça-feira

De sexta-feira para ontem, a cidade confirmou quase 500 novos casos da doença; no Município já são oito mortes

Publicado em: 09/04/2024 07:18
Última atualização: 09/04/2024 07:22

Contabilizando o maior número de mortes (oito) do Estado e sendo a terceira cidade gaúcha com mais casos confirmados (4,5 mil até ontem), São Leopoldo começa hoje um grande mutirão para atacar focos de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. De sexta-feira para ontem, a cidade confirmou quase 500 novos casos de dengue.

Comunidade poderá fazer o descarte de materiais Foto: Romeu Finato/Prefeitura de São Leopoldo

Conforme a Prefeitura, a iniciativa da força-tarefa entre diversas secretarias municipais visa a atacar o problema da doença em seu principal foco: a proliferação do mosquito.

Na manhã desta terça-feira (9), a comunidade da Vila Brás receberá a visita dos servidores, que estarão distribuindo panfletos e cartazes com orientações à população sobre os cuidados de prevenção e medidas mais eficazes contra o mosquito.

A prefeitura lembra que, devido ao grande número de casos de dengue registrados na cidade, a administração pública se organizou em diversas frentes para combater a doença. Os serviços de infraestrutura têm agido em mutirões de limpeza de ruas, retirada de depósitos de lixo irregular e na prevenção, com orientações à população. A Secretaria Municipal da Saúde (Semsad) também aumentou os horários de atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em bairros com maior incidência de casos da doença, e a Secretaria Municipal de Educação (Smed) tem feito trabalhos de prevenção e conscientização junto às escolas municipais.

Varredura

Agora, nesta nova etapa, uma força-tarefa foi criada para fazer uma "varredura" nas regiões em que os casos da doença são predominantes. As equipes visitarão a população à procura de possíveis focos de larvas do mosquito nos pátios, bem como levando informação sobre prevenção e cuidados necessários no combate à dengue.

Além das equipes do mutirão, haverá um caminhão de coleta, para que objetos e recipientes que podem ser foco do mosquito sejam descartados, como pneus, louças de pias, entre outros.

Pico na próxima semana

Segundo Fernando Spilki, virologista da Universidade Feevale, ao observar as semanas epidemiológicas e compará-las com gráficos de anos anteriores, o Rio Grande do Sul registrará o pico de casos na próxima semana, correspondente à Semana Epidemiológica 16. “Temos que ter muito cuidado, pois há um déficit de pelo menos duas semanas de atraso no registro. Mas, mesmo que o pico seja atingido agora, como se prevê na próxima semana, os casos não vão sumir abruptamente no período posterior, até maio”, pondera o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vigilância Genômica de Vírus.

A projeção é que abril tenha muitos casos acima da média dos outros no RS. “ Tivemos um início de ano muito violento em casos, e mesmo que siga o mesmo padrão de curva, sem dúvida, pode ser que ainda tenhamos um pico mais para frente.

Recorde brasileiro no século

Conforme o Painel de Atualização de Casos de Arboviroses, do Ministério da Saúde, atualizado nesta segunda-feira (8), o Brasil alcançou 1.116 mortes por dengue neste ano. O número é recorde desde o início da série histórica em 2000. No País, o recorde anterior, havia ocorrido no ano passado: com 1.094 mortes pela doença. Conforme o Painel desta segunda-feira ainda estão em investigação 1.807 óbitos.

Inverno e frio serão aliados

Spilki ressalta que a dengue é uma doença de aspecto sazonal. Por conta disso, não se espera grandes novidades em relação ao inverno. “Não tem porque se imaginar que tenhamos um ano repleto de dengue, ou que vejamos a fase mais forte no inverno. Se seguir a mesma curva, teremos casos em maio, e em junho deve ver números menores”, estima. O virologista destaca que, tradicionalmente, a baixa na temperatura torna difícil haver explosão nas transmissões de dengue.

“Devemos tomar cuidado agora e durante este prazo para evitar que tenhamos criadouros. Afinal, é depois do inverno, lá pelo final de agosto até meados de setembro, que os ovos depositados começam a eclodir”, explica. Com a chegada do frio, é normal que a infestação comece a diminuir. É com temperaturas acima de 29 graus por um período seguido, durante o dia, que ocorre a multiplicação dos criadouros de Aedes aegypti, aponta Spilki. “Quando temos muita atividade do vírus nas pessoas que estão infectadas, permite-se uma multiplicação maior.

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