ANIVERSÁRIO

Nosso segundo bairro mais populoso completa 36 anos

Guajuviras é considerado uma minicidade dentro de Canoas

Publicado em: 17/04/2023 09:51
Última atualização: 04/03/2024 17:51

Nesta segunda-feira (17), o bairro Guajuviras completa 36 anos. A data marca o aniversário da ocupação por populares do Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti, no dia 17 abril de 1987. Após quase quatro décadas, o bairro se tornou o segundo maior e mais populoso do município.

Deisi Londero na pracinha próxima de onde reside Foto: Taís Forgearini/GES-Especial

Deisi de Lurdes Saldanha Londero, de 39 anos, é "cria do Guaju". A vendedora de almoços cresceu literalmente junto com o bairro. A expressão "isso tudo aqui era mato" traz à tona as memórias de infância da moradora do setor 2 do Guajuviras.

"Recordo de ficar com os meus irmãos em casa para a mãe ir até próximo da Brigada Militar onde havia um posto da Corsan para buscar água. Ela tinha que subir a rua com os baldes. Ficamos mais de um ano assim. não se tinha água encanada e nem energia elétrica na ocupação que deu origem ao bairro", enfatiza.

A falta de luz era outro desafio enfrentado por Deisi e sua família. O calor e os mosquitos são lembrados pela canoense como vilões. "Era uma situação bem difícil, mas era isso ou perderíamos o local. Com o tempo, as coisas foram mudando. Quando conseguimos água e luz foi uma vitória", recorda.

Evolução

Os pais de Deisi permanecem morando no mesmo lugar. Já ela mora a poucos metros do local. A comunidade em volta se expandiu em conjunto com o local. Ao longo das décadas, os moradores começaram a abrir pequenos comércios na região. Hoje, o bairro é considerado uma minicidade dentro de Canoas. Desde supermercado aberto na madrugada até lojas de diferentes setores do comércio. "Tenho tudo aqui, não me mudaria. Amo morar no Guaju", diz Deisi.

Histórias e memórias do "Guaju"

A história do segundo bairro mais populoso do município começa ainda na década de 1960, com a desapropriação de uma fazenda que pertencia ao empresário A. J. Renner. O então governador Ildo Meneghetti repassou as terras para a Cohab. No lugar, foram construídos apartamentos e casas populares de propriedade do governo, nomeado como Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti. Na década de 1980, a empresa responsável faliu e o conjunto habitacional ficou abandonado.

"Morávamos no bairro Estância Velha, quando meus pais ficaram sabendo que um grupo de pessoas havia começado um movimento de ocupação. A partir disso, fomos morar lá. A invasão se transformou em um enorme bairro, no meu querido Guajuviras", relata Deisi.

Velhos hábitos: moradores ainda sofrem com o preconceito

Com o passar do tempo e crescimento do bairro, comunidades começaram a surgiu dentro do Guajuviras. Pôr do Sol, Contel, São João, São José são algumas das mais conhecidas.

Claudia Lazzarin (à esq.) e Deisi Londero são vizinhas de bairro e amigas Foto: Taís Forgearini/GES-Especial

Embora a região tenha se desenvolvido ao longo dos anos, o preconceito ainda é sentido por quem vive no Guajuviras. "Na semana passada, por exemplo, pedi uma corrida por aplicativo e foi cancelada três vezes, alguns motoristas consideram o bairro perigoso. A mesma coisa com delivery. Já aconteceu de eu ter que colocar o endereço de algum familiar que mora mais central", conta a moradora e amiga de Deisi, Claudia Lazzarin.

Para Claudia, a conscientização nas escolas desde cedo é o caminho. "Muitos não conhecem a história do bairro. Tráfico e violência não são exclusivos de um determinado local. A maioria dos moradores aqui é de pessoas trabalhadoras. É triste ver que ainda existem situações que ocorrem por conta de pré-julgamentos", afirma. "Quanto mais a comunidade cobrar e se envolver, mais conquistas teremos."

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