TRANSPORTE PÚBLICO

Passageiros do transporte coletivo municipal de Canoas apontam insatisfação com o serviço

Atrasos e má conservação da frota estão entre as principais reclamações dos usuários de ônibus

Publicado em: 31/12/1969 21:00
Última atualização: 30/10/2023 14:35

Faltando menos de dois meses para o fim do contrato com a Sogal, única empresa responsável pelo transporte coletivo municipal de Canoas, passageiros que dependem dos ônibus para se deslocar pela cidade demonstram insatisfação com o serviço ofertado. Dentre as principais e recorrentes reclamações estão atrasos nas linhas, má conservação da frota, veículos que estragam no meio do trajeto e poucas opções de linhas. A empresa aponta fluxo do trânsito e prorrogações fragmentadas de contrato como fator que dificulta a renovação da frota.

Kélen e o filho utilizam o transporte público diariamente Foto: PAULO PIRES/GES

Usuária há décadas do serviço, Kélen da Silva, de 39 anos, fala sobre as dificuldades enfrentadas como passageira das linhas Mathias/BR-116 e Mathias/São Sepé. "Parece que estão levando uma boiada, a sensação é que não há suspensão no veículo, as pessoas literalmente dão pequenos saltos", descreve a moradora do bairro Mathias Velho.

Em dias chuvosos, Kélen afirma já ter pego veículos em que a água passava pelo interior do ônibus. "Em alguns veículos com articulação, o material sanfonado está danificado, a chuva entra", diz.

Em relação aos horários, a passageira revela estratégias para tentar se antecipar de possíveis atrasos nas linhas. "Costumo chegar no mínimo uns 10 minutos antes. Às vezes, nem isso adianta. Já fiquei mais de 15 minutos esperando, o pior é quando simplesmente não passa e tem que esperar o próximo horário. Utilizo o transporte para ir trabalhar e voltar para a casa. É uma situação complicada", lamenta.

Para as passageiras Maria Teresa Boba de Athaides, de 69 anos, e Emiliana Martins, de 68 anos, o serviço piorou com o passar dos anos. "Utilizo a linha Porto Belo. Alguns horários não estão de acordo com a grade, não há regularidade. O Paradão da Golden Center está sempre lotado de gente. Nos horários de pico, é pior ainda. Os atrasos não são exclusivos da linha que uso, minhas amigas que pegam outros ônibus enfrentam as mesmas dificuldades. Deveria ter mais linhas para suprir a demanda e reduzir o tempo de espera", afirma Emiliana.

Maria Teresa relata o transtorno vivido em episódios em que o ônibus quebrou no caminho. "Pego ônibus quase todos os dias. Quando dá problema, ficamos esperando a baldeação, além de demorar, na maioria das vezes, ela já vem lotada de gente. É só andar pelas ruas, quase sempre tem algum ônibus parado no trânsito", enfatiza a usuária da linha Vila Cerne.

O que diz a Sogal

A Sogal admite que eventuais atrasos e até falta de ônibus nos horários podem ocorrer. Segundo a empresa, o motivo mais comum se dá em relação ao grande fluxo no trânsito, uma vez que a cidade não possui faixas exclusivas para o transporte coletivo, seguido por problemas mecânicos e acidentes.

Conforme a Sogal, o cumprimento de viagens atinge o índice de 98,04% da programação horária do dia. A empresa alega que é feito um investimento diário na manutenção.

A frota da Sogal tem idade média de 10 anos. A companhia afirma que as constantes renovações fragmentadas nas prorrogações do contrato de concessão impedem a captação de crédito junto às instituições financeiras, para a renovação da frota, pois os financiamentos de veículos pesados necessitam de 36 a 60 meses para serem amortizados.

Prefeitura estrutura novo modelo para o transporte

A Prefeitura de Canoas planeja a criação de um novo modelo no transporte coletivo da cidade. Segundo a administração municipal, nas próximas semanas, será finalizado o estudo técnico, que traça um diagnóstico da realidade atual do serviço prestado aos passageiros de ônibus. A partir das informações coletadas, o projeto com propostas para o futuro sistema será concluído.

Paradas cheias estão entre os relatos dos usuários de Canoas Foto: PAULO PIRES/GES

O novo modelo consiste no fretamento de ônibus, ou seja, a empresa receberá apenas por quilômetro rodado. A expectativa é que o serviço seja prestado por duas empresas. Entre as demais mudanças contempladas, também está o pagamento da tarifa apenas de forma eletrônica e a possibilidade dos passageiros avaliarem o serviço por meio de um aplicativo.

Futuro

O contrato com a Sogal termina no dia 23 de dezembro. A empresa diz avaliar qual medida vai tomar sobre a nova licitação. Ela afirma que não há necessidade de atendimento emergencial porque possui contrato vigente, com possibilidade de prorrogação de até o limite de 20 anos, onde 15 anos foram cumpridos até o momento, podendo ser ainda prorrogado pelo poder concedente (Prefeitura) até outubro de 2028.

Sem data definida para a abertura do edital de licitação, a Prefeitura comunica que o lançamento será feito ainda em 2023 e que o serviço com a Sogal será prorrogado até todo o processo licitatório seja concluído. Antes disso, a proposta deverá passar pelo conhecimento e avaliação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS).

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