CRIME ORGANIZADO

Entenda como operação na capital evitou um novo derramamento de sangue em cidade do Vale do Sinos

Uma das maiores ações do ano levou à cadeia 61 suspeitos de integrar facção gaúcha aliada ao Comando Vermelho carioca

Publicado em: 30/11/2023 14:46
Última atualização: 30/11/2023 15:29

A Polícia Civil desencadeou, na manhã desta quinta-feira (30), uma das maiores operações do ano. Foram 700 agentes reunidos para lançar uma ofensiva contra duas facções criminosas que formaram aliança em Porto Alegre.

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Criminosos que queriam tomar completamente a Vila Cruzeiro viraram alvo nesta quinta-feira (30) Foto: POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO
A ação organizada Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc) cumpriu 86 mandados de prisão preventiva, temporária e mais de cem de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e também Mato Grosso do Sul.

Foram nada menos que 61 presos suspeitos de integrar facção gaúcha aliada ao Comando Vermelho carioca, segundo a Polícia Civil. Em Canoas, foram dois criminosos presos ligados ao tráfico de drogas e entorpecentes.

Conforme explica o delegado Gabriel Borges, titular da 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (Din), a facção conhecida pela violência extrema com que lida com os “negócios” na capital aliou forças com criminosos rivais.

O objetivo, esclarece Borges, seria destronar outra organização criminosa que controla boa parte da Vila Cruzeiro, centro nevrálgico dos conflitos entre traficantes em Porto Alegre. Para isso, segundo a investigação, a organização buscou reforço por meio do Comando Vermelho carioca, que estava garantindo dinheiro, armas e munições para fortalecer os bandidos gaúchos.

“A investigação começou no início do ano, quando prendemos uma mulher em Gravataí com um pequeno arsenal”, aponta. "Passamos a investigar e descobrimos que a facção estava recebendo armamento pesado que acreditamos ser enviado por criminosos do Rio de Janeiro."

Após diminuir a força dos rivais na capital por meio da violência, o objetivo da facção seria expandir os negócios também nas cidades da região metropolitana, onde o grupo mantém braços, esclarece o delegado.

Em Canoas, a organização mantém base no bairro Guajuviras, sendo responsável por dezenas de assassinatos cometidos contra rivais no bairro Mathias Velho em 2023. Caso expandissem o negócio, o resultado seria um novo derramamento de sangue.

“Essa tentativa de expansão ainda pode acontecer e impactar no aumento da violência na região metropolitana, por isso vamos ficar atentos", avisa o delegado. “Porém, o resultado da operação foi positivo e garantimos prisões de lideranças que decidiam quem vivia ou morria.”

Mortes ordenadas atrás das grades

Um dos mais importantes mandados cumpridos nesta quinta-feira ocorreu justamente dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). É onde o traficante Jackson Peixoto Rodrigues, conhecido como Nego Jackson, 37 anos, é mantido preso.

O criminoso, segundo Borges, seguia dando ordens e articulando ações criminosas. Suspeito de cometer 24 assassinatos, Jackson tem ligação com traficantes internacionais e facções do sudeste do País, sendo apontado como um dos responsáveis pelo elo criado entre os gaúchos e o Comando Vermelho.

Tido como um dos responsáveis por criar a facção conhecida como V7, criada a partir do “Beco 27”, popular no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, Jackson estava encarcerado em uma penitenciária federal em Rondônia, mas acabou sendo transferido para o Rio Grande do Sul em 2020, e desde então, aumentou a influência sobre a organização.

“Garantimos um mandado contra ele, já que a investigação apontou continuar sendo uma liderança importante na tomada de decisões da organização”.

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