A Polícia Civil (PC) prendeu, nesta terça-feira (9), um dos criminosos mais perigosos do Rio Grande do Sul, ex-integrante de um grupo de extermínio que aterrorizou o Estado até o início da década passada.
A prisão aconteceu no bairro Mathias Velho, em uma ação coordenada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Canoas, contando com a colaboração de agentes de São Leopoldo, Novo Hamburgo e da 6ª DP de Homicídios da capital.
Conforme a Polícia, o alvo atuava hoje como liderança de uma organização responsável pela onda de homicídios que tomou Canoas desde o início do ano. É suspeito inclusive de homicídios múltiplos cometidos contra facções rivais. Acabou preso junto a outros dois “seguranças”.
Segundo o delegado Pablo Soares, que responde pela Homicídios de Canoas, no momento em que os policiais chegaram à casa, houve resistência para franquear o ingresso no imóvel, mas a resistência não durou muito tempo e os suspeitos se renderam.
Os agentes inclusive viram um dos homens arremessando a pistola pela janela dos fundos da casa, além de celulares e um invólucro contendo drogas e munição. Outro aparelho telefônico chegou a ser quebrado por um dos suspeitos, visando a destruir provas.
No local, foi apreendida uma pistola automática calibre 9 milímetros, com numeração raspada e um seletor de rajada e carregador sobressalente de alta capacidade, que imita uma submetralhadora, mais valores em dinheiro e um carro de luxo blindado que era usado pelo suspeito.
“A prisão representa muito para a segurança da cidade de Canoas, já que existem indícios do preso ser o mandante de crimes violentos cometidos na cidade, em razão da disputa de território e poder no crime organizado”, explicou o delegado. “Ele tinha grande poder de fogo e os meios necessários para usá-lo”.
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Operação Cova Rasa
Até o começo da década passada, uma facção criminosa aterrorizou o Estado por meio de homicídios cometidos sem controle. A Polícia Civil contabilizou nada menos que 150 assassinatos no que ficou conhecido como a Operação Cova Rasa. As vítimas eram, em grande parte, traficantes ou usuários de crack com dívidas.
A ação ganhou esse nome porque os criminosos cometiam os homicídios e abandonavam os corpos em barrancos ou valas, sem se preocupar em escondê-los. O grupo de extermínio teve 69 integrantes presos, inclusive o homem capturado pelos agentes da Homicídios na manhã desta terça-feira.
“Ele havia saído da penitenciária recentemente, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica”, explica o delegado. “Investigamos e descobrimos que ele estava liderando uma organização, ao mesmo tempo, em que era considerado alvo de outra que queria vê-lo eliminado”.
A longa lista de antecedentes do criminoso inclui oito indiciamentos por assassinato, mais roubos, tráfico e associação criminosa. Todos, crimes já sentenciados pela Justiça gaúcha.
“Isso além dos crimes em que ele é investigado e que ainda não foram levados ao tribunal”, conclui.
Sensação de segurança
Diretor da Divisão de Homicídios Metropolitana, o delegado Rafael Soares aponta que a prisão é parte de um trabalho desenvolvido pela Polícia Civil mirando a diminuição dos casos de homicídios na cidade. Canoas teve o primeiro trimestre mais violento dos últimos cinco anos. Foram 40 mortes em pouco mais de 90 dias.
“As ações policias do Departamento de Homicídios da Polícia Civil não vão ser interrompidas, enquanto os índices de crimes violentos não sejam reduzidos, e que fique claro a resposta forte e constante do Estado”, defende. “Trabalhamos forte desde março, quando assumimos o Departamento e estamos recuperando a sensação de segurança que a população necessita”.
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