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INVESTIGAÇÃO

Polícia confirma que jovens mortos em Sapucaia do Sul queriam furtar bateria para comprar gás para família

Dono de guincho suspeito de participar das mortes se entrega à Polícia Civil; outros dois suspeitos permanecem desaparecidos

Publicado em: 02/05/2023 às 13h:15 Última atualização: 06/03/2024 às 11h:34
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Está preso um dos suspeitos de envolvimento nas mortes dos jovens Wesley Amaral dos Santos, 19 anos, e Jonathan Júnior Xavier Lopes, 16. Os dois acabaram executados após tentar furtar baterias de um depósito do Detran, em Sapucaia do Sul, no dia 31 de março.

 02/05/2023 COLETIVA - DELEGADA  ANGÉLICA  GIOVANELLA



02/05/2023 COLETIVA – DELEGADA ANGÉLICA GIOVANELLA

Foto: PAULO PIRES/GES

Conforme a Polícia Civil confirmou, na manhã desta terça-feira (02), em uma coletivaorganizada na sede da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM), em Canoas, o suspeito tratava-se de um prestador de serviços terceirizado que atuava como “guincheiro” no local.

O homem de 41 anos se apresentou junto a um advogado, na manhã desta segunda-feira (1º), na 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Sapucaia do Sul. A Justiça já havia decretado a prisão preventiva dele e também do proprietário do estabelecimento e de um vigilante. Ambos permanecem foragidos, segundo a polícia.

Responsável pela investigação, a delegada Angélica Giovanella aponta que o suspeito forneceu detalhes importantes a respeito do que aconteceu naquela fatídica madrugada de 31 de março, quando os jovens acabaram sendo capturados, torturados, mortos e posteriormente descartados em um terreno metros adiante do depósito do Detran.

“Há detalhes que ainda não podem ser revelados para não comprometer a investigação, mas o suspeito falou e tudo que disse vai ao encontro da investigação”, contou. “As vítimas invadiram o depósito, acabaram capturadas, foram submetidas a violência física e depois disso acabaram executadas com tiros na cabeça e nas costas”.

A apuração confirmou que os jovens teriam ido até o local para furtar duas baterias na noite de 30 de março. O material seria posteriormente vendido para que o jovem Jonathan Júnior Xavier Lopes conseguisse comprar um botijão de gás de cozinha, que a mãe dele não teria condições para garantir à pequena casa onde os dois viviam.

“Havia outros dois, que ficaram do lado de fora do estabelecimento”, aponta. “Imaginamos que tenham contado à mãe o que aconteceu naquela noite. A mãe inclusive foi até ao estabelecimento buscar informações sobre o paredeiro do filho, mas o vigilante teria mentido e disse que não sabia onde estavam os jovens”.

Corpos descartados há metros do local

Os corpos do adolescente e seu amigo acabaram encontrados amarrados em um terreno baldio ainda na manhã do dia 31. Eles acabaram sendo reconhecidos por um parente por meio das tatuagens. Para a polícia, é certeza que os corpos foram levados ao local em uma caminhonete vista saindo do depósito e retornando minutos depois.

“Mesmo que a perícia no veículo ainda não tenha sido concluída, já temos elementos suficientes para saber que os corpos foram levados no carro, que cerca de 7 ou 8 minutos depois a uma área que fica há quatro quilômetros do endereço onde aconteceu o crime”, explica.

Ainda segundo a delegada, os próximos passos da investigação estão bem encaminhados e ela acredita que é questão de dias até que os foragidos sejam achados e presos pela polícia.

“Ainda falta compreender a dinâmica do que aconteceu naquela madrugada. Sabemos que foram capturados, torturados e houve disparos de arma de fogo, mas falta confirmar a dinâmica de cada participante na cena do crime. Os três estavam no local e vão responder pelas mortes”, conclui.

Violência desmedida

A investigação apontou que em momento algum os suspeitos ligaram para o 190 da Brigada Militar (BM) para informar de uma invasão ao endereço e a localização dos jovens, o que seria uma conduta considerada “aceitável”. Também não há registros de outras invasões anteriores ao local.

À frente da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, o delegado Cristiano Reschke defendeu não haver qualquer justificativa para tamanha violência contra cometida contra os dois jovens. As vítimas inclusive não tinham qualquer passagem pela polícia.

“Por se tratar de crimes contra a vida, não há nenhuma justificativa para o que aconteceu no estabelecimento”, avaliou. “Nenhum dos jovens estava armado ou representava uma grave ameaça. Trata-se de um crime hediondo que ao final do inquérito será muito bem esclarecido, com os responsáveis levados à Justiça”.

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