HORAS DE ESPERA

CATÁSTROFE NO RS: A luta de quem espera a água recuar em Novo Hamburgo

Famílias tentam salvar o pouco que restou e aguardam pelo recuo das águas

Publicado em: 05/05/2024 00:49
Última atualização: 05/05/2024 00:50

Após uma semana marcada por temporais que vitimizaram milhares de pessoas no Estado, a chuva deu uma trégua durante o dia neste sábado (4) na região. Mas com a elevação do Rio dos Sinos, muitos moradores do bairro Santo Afonso seguem fora de casa.


Vila Marrocos embaixo d'água Foto: Nico Azevedo/GES-Especial

Durante todo dia dezenas de moradores da Vila Marrocos, no bairro Santo Afonso, se aglomeravam na entrada do loteamento esperando o nível da água baixar para limpar as casa, coisa que deve levar alguns dias para acontecer.

Outros aguardavam uma carona nos botes e caiaques dos voluntários na esperança de resgatar roupas, móveis e eletrodomésticos que não estavam destruídos pela água.


Márcia e o marido, Valdir Padilha, com filhos Erick e Steffany Silva, aguardavam o recuo da água Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Na Rua Dois, a água invadiu as casas por ambos os lados, incluindo os fundos dos pátios, onde nunca havia chegado antes, segundo moradores. “Começou a inundar na quinta (2) de noite e foi tudo muito rápido. Nunca tinha entrado lá em casa. Agora, está batendo no forro”, relata a industriaria Márcia Anelli, 46 anos.

A família saiu de casa na manhã de sexta-feira (3), quando a água estava na altura da cintura. “Fizemos um mutirão com sete pessoas para tentar tirar o máximo de coisas, mas infelizmente não deu pra salvar muito”, relata Steffany Silva, 19, filha de Márcia. Na tarde deste sábado (5) a família observava o avanço da água na entrada do loteamento.


Maria Aparecida Silveira, 40, voltou para recolher roupas e eletromésticos Foto: Joceline Silveira/GES-Especial


Já na Rua Alvicio Hatzenberger, mais residências foram alagadas. “Eu perdi tudo. Mas o pouco que tem, tá lá dentro e eu não sei o que vou conseguir salvar”, formam as palavras da comerciante Maria Aparecida da Silveira, 40 anos, enquanto aguardava o retorno do marido Marcos dos Santos, 45 anos. “Ele conseguiu uma carona em um barco e voltou em casa pra ver o que restou”, completou enquanto organiza no carro da família o pouco que havia retirado de casa antes da enchente.


Jurandir Strasburger, 63 anos Foto: Nico Azevedo/GES-Especial

O mesmo fez seu Jurandir Strasburger, de 63 anos. Ele contou com a ajuda de amigos para retornar em casa e recuperar parte dos alimentos que estavam no freezer. “Ergui o que deu (móveis), mas mesmo assim. O prejuízo é muito grande, não dá pra perder mais”, lamenta o aposentado mostrando os mantimentos recuperados.


Bilíngue, a Coisinha e a Jurema foram encontrados neste sábado Foto: Nico Azevedo/GES-Especial

Em outro ponto do loteamento o sentimento era de alegria. A revisora de calçados Evelin Veiga, 20, mobilizou o namorado, Carlos Henrique, 20, e a sogra Liziane Nonnenmacher, 55, para colaborarem nas buscas pelos três cães que ficaram na casa dela durante a enchente.

Na quinta-feira (2), quando ela e o irmão, Taison, 23, saíram de casa o plano era retornar no dia seguinte para buscar o Bilíngue, a Coisinha e a Jurema que estavam alojados no segundo piso da residência. Mas não deu tempo.

“Quando saí a água estava batendo na cintura, no outro dia só aparecia o oitão da casa. Estava tudo embaixo d'água. Ainda bem que eles saíram antes (cachorros)”, relembra. Para surpresa de Evelin os animais aguardavam a tutora na entrada do loteamento. “Começamos a chamar eles pelo nome e pra surpresa, eles vieram correndo, como se estivesse me esperando pra levar eles para casa”. 

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