OBRA DE MILHÕES

CATÁSTROFE NO RS: Casa de bombas estraga e moradores da Palmeira ficam sem previsão de voltar para casa mesmo se rio baixar

Alerta é da prefeita Fatima Daudt, que diz ser preciso construir uma nova estrutura para tirar água da região. São 12 mil moradores afetados pela situação

Publicado em: 07/05/2024 20:32
Última atualização: 07/05/2024 20:32

Com 32 mil pessoas atingidas, quase 5 mil em abrigos ligados à Prefeitura e outros milhares em abrigamento de entidades e escolas, casas de amigos e parentes, Novo Hamburgo está diante de uma situação que preocupa ainda mais o Executivo municipal.

Por um longo tempo, que ninguém sabe quanto será, moradores da Vila Palmeira não poderão voltar para casa. A situação foi compartilhada pela prefeita Fatima Daudt nesta terça-feira (7). A região do bairro Santo Afonso é o endereço de 12 mil hamburguenses.


Imagens aéreas do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, mostra casa de bombas submersa Foto: Prefeitrua de Novo Hamburgo

Fatima, que detalhou o cenário e as razões da sua preocupação. “Mesmo que seque o rio, não posso trazer essas pessoas para cá (Vila Palmeira), pois o risco de inundar é grande”, declara. “O meu foco agora é mobilizar as equipes técnicas para conseguir recursos. A prefeitura não tem esse dinheiro. Nenhuma prefeitura tem”, diz.

Ocorre que a cheia histórica que devastou o Rio Grande do Sul e afetou mais de 1,4 milhão de gaúchos deixou dois grandes problemas na Vila Palmeira.

O primeiro deles é o dique que extravasou pelo lado de São Leopoldo, junto ao limite dos dois municípios. Aparentemente, cerca de 40 metros da estrutura, que é responsabilidade do governo federal, foi danificada. Os danos, porém, só poderão ser avaliados quando a água baixar.

O outro problema é a construção de uma nova Casa de Bombas no bairro Santo Afonso. E o Executivo hamburguense prevê muita dificuldade para resolver essa situação.

Com as sete bombas danificadas, mesmo que o nível do Rio dos Sinos volte ao normal, os equipamentos não funcionarão mais. Sem bombeamento da água, o dique se torna uma barragem das águas do Arroio Gauchinho.

Ou seja, não há mais como bombear água para o Rio dos Sinos, e toda a água que chega à Santo Afonso pelo Gauchinho ficará retida nesta região. Os reflexos também são previstos para a Vila Brás, em Leopoldo. 

O que fazer

Diante desta situação, a prefeitura não tem ideia de quanto tempo será necessário para que a Vila Palmeira possa ter condições de receber seus moradores novamente. A certeza é que essa cifra é milionária para equacionar a situação. A Administração projeta que o mesmo quadro seja enfrentado por outras cidades gaúchas.

Com os abrigos operando, a prefeita diz que se concentra em contatos com Brasília para que a verba da União chegue ao Município o mais rápido possível, com soluções que sejam capazes de dar início às melhorias necessárias.

Questionada se a saída imediata para atender aos moradores da Vila Palmeira seria o aluguel social, Fatima diz que neste momento a Prefeitura ainda não tem essa resposta, justamente porque é preciso esperar o aceno de Brasília.

A prefeita explica que o Município explicará a situação aos moradores e levará esclarecimentos às pessoas que estão abrigadas.

Quadro específico da Palmeira

A situação, segundo Fatima, é específica desta região do bairro Santo Afonso. O quadro não atinge moradores de outras áreas inundadas, como a Vila Marrocos e Vila Kroeff, também no bairro Santo Afonso, bairro Industrial e bairro Canudos. Essas regiões, segundo a Prefeitura, não correm o mesmo risco porque não integram a bacia do Arroio Gauchinho.

Apelo a Brasília e órgãos internacionais

Segundo a chefe do Executivo, assim que for possível viajar, ela irá a Brasília apresentar a situação de Novo Hamburgo, a fim de captar recursos o quanto antes. Além disso, já articula com a Fundação Konrad Adenauer (KAS), entidade política alemã, da qual é integrante, a possibilidade de receber recursos internacionais.

m relação a isso, Fatima tem otimismo pois o dique foi construído por meio de convênio entre os governos brasileiro e alemão na década de 1970. A prefeita também fala em buscar apoio de entidades de outros países.

O dique

Sobre o dique, o engenheiro e diretor de Esgotos Pluviais, Ricardo Al-Alam, informa que a barreira em Novo Hamburgo tem 2,5 quilômetros de extensão e 9,5 metros de altura. Foi construída com base na maior inundação até registrada, de 1941, quando a cota máxima do Rio dos Sinos foi de 8,5 metros. Desta vez, o nível chegou a 9,73 metros.

A proteção é feita com argila, material impermeável, e que precisará ser reavaliada assim que água baixar.
O dique começa na altura da Rua Otawwa, em Novo Hamburgo, ponto onde houve o extravasamento na sexta-feira à tarde, e vai até São Leopoldo, somando 21 quilômetros de extensão. 

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