TRÂNSITO MAIS PERIGOSO

Com ciclovia bloqueada há dois meses, ciclistas se arriscam em trecho esburacado ou em meio aos carros

Responsável pelo conserto e manutenção do local, Trensurb não estipula prazo para lançamento de edital

Publicado em: 16/02/2024 07:00
Última atualização: 16/02/2024 08:22

Sem alternativa segura para trafegar na Avenida Nações Unidas, em Novo Hamburgo, ciclistas precisam escolher qual risco correr. De um lado, a ciclovia esburacada e com bloqueios no trecho entre a Avenida Primeiro de Março e a Rua Cinco de Abril. Do outro, enfrentar o pouco espaço para circular entre os carros que trafegam de forma incessante em uma das vias mais movimentadas da cidade.


Sem prazo para reforma da ciclovia, usuários precisam decidir se trafegam entre buracos ou em meio aos carros Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Tendo a empresa Trensurb como responsável pela manutenção, a ciclovia foi se deteriorando ao longo do último ano. Em razão da insegurança aos usuários, no dia 12 de dezembro de 2023 a Prefeitura decidiu interditar o trecho, que ficou marcado por diversas rachaduras e buracos.

Mas mesmo com bloqueios e buracos, que também dificultam a circulação, os ciclistas ainda optam por utilizar a ciclovia ao invés de se arriscar entre os carros. “O buraco é bem menos perigoso do que o contato com os carros, então, claro, as bicicletas que se cruzam aqui em cima tem a possibilidade de acidente. Mas ainda acho mais seguro assim do que ter que andar aqui na Nações Unidas “, resume o mecânico de bicicleta, Maurício Ott, 37 anos, que utiliza a ciclovia diariamente.

O servidor público, José Vitor Müller da Silva, 27 anos, também é usuário assíduo da ciclovia, também prefere arriscar as manobras entre cavaletes e gradis do que dividir o espaço com os carros. “Retornando às férias em fevereiro era uma preocupação minha que pelo menos tivesse algum caminho aqui pra gente desviar dentro da ciclovia mesmo com os buracos”, conta Silva.

Ott reconhece que mesmo o uso da ciclovia, no atual momento, também representa perigo para os ciclistas. “Aqui tem um risco de tu bater ali com um ciclista que não tem tanta habilidade, pode bater no meio fio pra te cair de uma rua é arriscado também.”

Os dois ciclistas reclamam que o trecho foi apenas bloqueado, mas nem uma alternativa mais segura foi oferecida. “Simplesmente bloquearam e fica subentendido que tem que usar a rua”, resume Ott.

Esperança frustrada

Quando se decidiu pelo bloqueio da ciclovia, os usuários se mostraram esperançosos de que o conserto e a consequente liberação do trecho seria algo rápido. Contudo, não foi o que se viu, decepcionando quem chegou a utilizar a avenida nos primeiros meses. “Não percebi nenhum movimento imprudente deles (motoristas), mas necessariamente fiquei mais suscetível a algum tipo de acidente. Eu não me senti seguro”, explica Silva, sobre a opção de seguir utilizando a ciclovia.

Ott lembra que nos primeiros dias os ciclistas aderiram ao novo trajeto com a esperança de ver os problemas resolvidos rapidamente. Mas o problema se arrastou, sem solução, levando ele mesmo a tomar uma atitude.

“Ficava naquele embate entre a Trensurb e a Prefeitura sobre quem era a responsabilidade de consertar, daí quando eu vi que ia ficar bloqueado por tempo indeterminado eu resolvi desbloquear eu mesmo”, relata ele lembrando que nos primeiros dias era realmente inviável passar pelo trecho, mas então ele decidiu retirar as faixas e afastar alguns dos bloqueios feitos com blocos de concreto, uma alternativa encontrada pela Prefeitura para tentar evitar a utilização do trecho.

Afastou o ciclista

Motorista de aplicativo José Evanilson, 48 anos, trafega diariamente pela Nações Unidas, e diz que a atenção precisou aumentar desde que o trecho da ciclovia foi bloqueado. “Tem mais ciclistas circulando entre os carros fica mais perigoso para eles e a gente precisa ficar muito mais atento”, afirma.

Silva também diz que percebeu uma redução no número de ciclistas com o bloqueio da ciclovia. Como consequência, diz ter notado um maior volume de carros na via. “Muita gente que usava com frequência não está mais pedalando.”

Evanilson diz ainda que espera ver o problema resolvido o mais rápido possível, porque com a ciclovia funcionando o trânsito melhora para todos. “Fica melhor para os ciclistas e para a gente, porque com eles qualquer desatenção pequena pode causar acidente.”

Prazo indefinido

Com valor estimado em R$ 89,5 mil, o projeto de conserto da ciclovia segue parado. A primeira tentativa de licitação, feita ainda em janeiro, não teve interessados. A Trensurb, que é a responsável pela manutenção do local, iniciou um novo processo, mas não tem previsão para o lançamento do edital. A expectativa da empresa é que o mesmo seja concluído até o final de fevereiro.

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