As últimas semanas foram de muita cantoria, aprendizado sobre música e integração entre os residentes do Lar São Vicente de Paula, de Novo Hamburgo. Durante o período, o lar recebeu o projeto “Musicalizando Afetividades e Saberes”, idealizado e executado pelo jornalista, produtor audiovisual e músico Gustavo Rubert, 28, que culminou na composição “Pra Ser Feliz”, música que foi interpretada pelos idosos, gravada e o vídeo publicado no YouTube no final de novembro (assista no final).
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Rubert comenta que a origem da ideia que culminou no projeto veio de criança, quando visitava e cantava no lar, aliada a sua experiência de estudante. “Esse projeto foi bem significativo para mim. Sempre estudei na Feevale, na escola de aplicação, envolvido com grêmio estudantil, com aulas de teatro. Então, eu vi essa veia renascer, de algo que já estava lá atrás, de criar esse projetos sociais”, comenta.
O projeto foi realizado por meio do Fundo Municipal de Cultura, o Funcultura, e trouxe uma metodologia com práticas de percussão, canto, teoria musical e composição coletiva. Além disso, criou um ambiente que buscou aproximar o grupo. “Sei que (a música) promove muitos benefícios para as pessoas, por isso resolvi trazer para o grupo de idosos. Depois de passarmos por essa pandemia, todos nós precisamos de reforço, para a nossa saúde mental, nosso fortalecimento com seres humanos, e a música é muito boa para todos os públicos”, destaca Rubert.
Esse é o segundo local onde o projeto é realizado. O primeiro foi e segue ocorrendo no CRAS do bairro Santo Afonso. Sob o mesmo nome, começou em janeiro deste ano, mas precisou ser paralisado por um período durante a enchente de maio. “Começou na associação de moradores, de forma independente. O grupo Mãos Dadas também recebeu a nossa divulgação, inclusive algumas das mulheres atendidas participam das nossas oficinas. Hoje, está no CRAS, devido a impossibilidade da associação dos moradores nos receber depois de maio”, comenta.
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“Me divirto muito”
Vivendo há 2 anos e 7 meses no Lar São Vicente de Paula, Vilma Stumpf, 78, ex-empregada doméstica, fala que está adorando não apenas a oficina, mas todas as atividades que são executadas na casa de longa permanência. “Adoro tudo o que vem aqui. Arteterapia, música, educação física. Eu adoro estar aqui. É o lar mais bonito do mundo”, brinca, destacando a quantidade de atividades realizadas no espaço.
A outra moradora é Oneid Pasin, 90, a qual convive há 8 meses no lar. Ela conta que sofreu um acidente doméstico e, pela impossibilidade do filho cuidar dela em tempo integral, decidiram por colocar ela na instituição, mas ela garante que ele sempre a visita e até faz um “churrasquinho” para deixar o ambiente mais alegre. “Ele não me deixa faltar nada. É um filho que eu criei, sabe? Eu acho que um filho legítimo não faz o que ele está fazendo”, lembra. Sobre as atividades, ela costuma participar de todas. “Eu me divirto muito. Aqui vai ser a minha morada pelos próximos anos, pelo menos até os 100”, brinca Oneid.
E essa participação e engajamento em se propor a ficar cerca de duas horas semanais cantando e aprendendo sobre música chama atenção do próprio idealizador. “Eu fiquei muito surpreso com o engajamento de ambos. Aqui a gente tem um grupo mais expressivo do que no CRAS. Eles escolhem participar (os idosos). Sempre tivemos entre 15 ou 20 participando, de forma espontânea, e as limitações são poucas”, valoriza Rubert.
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A diferença é notada
Auxiliar administrativa e financeira da instituição, Jaqueline Bondan, 55, comenta que percebe diariamente o bom ânimo dos moradores com as atividades realizadas. “Música é vida, alegra a alma. Além do Gustavo, há o Leopoldo que faz oficina de canto. A maioria dos idosos gostam muito de música. Quando o pessoal vem fazer ‘bailinho’ com eles, até os que não dançam se mexem, ninguém fica parado”, comenta Jaqueline, que também destaca a grande quantidade de ações realizadas no lar em 2024.
E há o objetivo de manter, para os próximos anos, as atividades realizadas no Lar São Vicente de Paula, seja por meio da inscrição do lar em projetos sociais, mas também através de financiamentos individuais de pessoas que realizam as ações, como o próprio Gustavo. “Nós temos um quadro ali na recepção. Todos os dias, os idosos vão lá ver o que vai acontecer no dia. Eles olham e já ficam esperando. Eles gostam muito”, finaliza.
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