RIO GRANDE DO SUL

Procedimento em coração de bebê prematuro é feito pela primeira vez fora de Porto Alegre

Menina de apenas um mês recebeu a implantação de um dispositivo médico para fechar o canal arterial

Publicado em: 25/09/2023 14:19
Última atualização: 17/10/2023 22:17

O Hospital Regina, em Novo Hamburgo, realizou no dia 20 de setembro um procedimento inédito na área de Cardiologia Intervencionista no coração de um bebê prematuro de apenas um mês de vida que, via cateterismo, recebeu um dispositivo médico que fecha o canal arterial.

Essa é a primeira vez que este procedimento é realizado no Rio Grande do Sul fora da cidade de Porto Alegre. A menina prematura segue em recuperação na UTI Neonatal da instituição.


Hospital Regina comemora procedimento inédito em coração de bebê prematuro Foto: Divulgação

A bebê, que nasceu no Hospital Regina com 25 semanas de gestação, pesando apenas 1,1 quilo, faz uso de ventilação artificial. Ela recebeu a implantação de um dispositivo médico menor que uma ervilha no coração. Chamado de Amplatzer Piccolo, é o primeiro implante do mundo que pode ser inserido em bebês prematuros menores.

De acordo com o médico responsável por coordenar o procedimento, Dr. João Luiz Manica, pediatra com atuação em Cardiologia Intervencionista e Cardiologia Pediátrica, o canal arterial está presente em até 50% dos bebês prematuros, porém, numa pequena parte, ele pode causar complicações, como sangramento no cérebro, falta de oxigenação, problemas crônicos pulmonares e retinopatia.

“Nos bebês em que o canal é grande o suficiente para causar ou ter risco de causar problemas, historicamente, se usa uma medicação, com efetividade em torno de 70%, ou se faz uma cirurgia de tórax aberta. Então, desde 2020 venho fazendo este procedimento por cateter, mais rápido e com a recuperação mais rápida”, afirma Manica.

Neste tipo de intervenção, um dispositivo de malha de arame autoexpansível foi inserido por meio de uma pequena incisão na perna da criança e guiado através de vasos sanguíneos até o coração, onde foi colocado para selar a abertura. Depois de implantado, um ecocardiograma analisa o resultado do dispositivo posicionado no coração do bebê.

Um dos benefícios do procedimento, conforme observa o médico, é a recuperação rápida em relação ao uso de ventilação mecânica, por conta de problemas pulmonares que o canal arterial causa. O objetivo, então, é que logo após o fechamento do canal arterial, o pulmão se recupere mais rápido.

"Bebês que estão há 30 dias ventilados, algumas vezes, em uma semana após [o implante], eles já estão sem a necessidade da ventilação artificial", afirma.

"É muito gratificante, saber que lá em 2020, quando apenas um caso similar tinha sido realizado no Brasil, eu comecei a fazer o primeiro caso no Hospital Divina Providência, e, desde então, a gente tem mostrado os benefícios desse procedimento, que são muito claros quando eles são bem indicados e avaliados, pois os bebês melhoram muito", destaca Manica.

A equipe que atuou no procedimento foi composta também pelos médicos Paulo Renato Machado, João Vitor Slaviero, Marcelo Brandão, Jairo Alberto Dussan Sarria e Bruno Michelon.

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