Com uma história intimamente ligada ao DNA do Vale do Sinos, a Ensinger Brasil completa 25 anos de atuação em São Leopoldo nesta terça-feira (19). De origem germânica, a companhia abastece o mercado brasileiro e latino americano com semiacabados e peças técnicas em plásticos de engenharia e alta performance que estão inseridos no dia a dia da indústria e são fundamentais para o avanço e tecnologia de inúmeros produtos.
Foto: Divulgação/Ensinger Brasil
Foi a partir do olhar visionário do alemão Wilfried Ensinger, fundador do Grupo Ensinger em 1966, que o Sul do Brasil ganhou uma das primeiras filiais da companhia fora do território europeu, após a subsidiária dos Estados Unidos. Isso porque o engenheiro alemão conhecia a região das suas visitas ao Brasil ao lado da esposa Martha Ensinger, visitas essas motivadas pelo trabalho missionário da sua cunhada em solo gaúcho.
“Ajudaríamos a desenvolver ainda mais um mercado (que era) jovem e a criar empregos. Certamente ainda era muito cedo para entrar no mercado, há vinte e cinco anos, mas meu pai achou que deveríamos tentar”, relembra Klaus Ensinger, filho do casal.
Ana Paula Celiberto, diretora administrativa da Ensinger Brasil, conta que a decisão final de fincar pé no Vale do Sinos surgiu na década de 1990, com o estabelecimento de uma pequena revenda de semiacabados em São Leopoldo.
Foto: Acervo/Ensinger Brasil
“Cidade atrativa por ser o berço da imigração alemã no Brasil, possuir mão de obra qualificada e sediar em seu parque industrial filiais de empresas multinacionais alemãs”, recorda a executiva que atua ao lado dos diretores Augusto Nienow, Arlindo Pereira Filho e Dra. Simone Knak.
Hoje, são mais de 200 colaboradores e uma nova expansão à vista.
ENTREVISTA | Ana Paula Celiberto, diretora administrativa
Desde o surgimento do Grupo Ensinger, o Brasil esteve presente na visão da companhia. Como você observa essa relação?
Embora a Ensinger Brasil, como unidade de manufatura, tenha sido fundada há 25 anos, a relação da Matriz do Grupo Ensinger, e mais especificamente dos seus fundadores, o casal Wilfried e Martha Ensinger, com o Brasil, tem mais de 50 anos. Esta relação especial surgiu inicialmente em função de uma bonita história de solidariedade, e evoluiu para um “case“ de empreendendorismo e sucesso empresarial. Em meados dos anos 70, Wilfried e Martha Ensinger estavam em contato com a freira Consolata Graber, irmã de Martha, que havia migrado há mais de uma década da Áustria para o sul do Brasil, envolvida em atividades religiosas de forte cunho social, com apoio a crianças e famílias socialmente vulneráveis na cidade de Erechim. Atraídos pelo valoroso trabalho social da familiar, o casal Ensinger acabou visitando o sul do Brasil em mais de uma ocasião e voltou fascinado com o seu potencial cultural, social e também econômico.
Neste ano, comemora-se também o bicentenário da imigração alemã. Como essas datas se relacionam?
É um orgulho para nós o estado do Rio Grande do Sul e mais especificamente a cidade de São Leopoldo terem sido escolhidos para sediar a subsidiária brasileira do grupo alemão Ensinger, nos idos anos 90. A conjunção das datas é bonita e certamente nos inspira para muitas ações em 2024, reforçando nosso DNA germânico, adaptado ao contexto e cultura brasileiros. Como empresa, exaltamos os pontos fortes da cultura alemã que nos impactam e inspiram desde a fundação, como a visão empreendedora e voltada ao trabalho, o senso de disciplina, a qualidade na execução e a globalmente valorizada tecnologia industrial.
O papel da mulher sempre foi relevante na empresa. Sabendo que a engenharia é vista como predominantemente masculina, qual o diferencial da Ensinger em apostar em mulheres?
Este é um tópico interessante e que me traz muito orgulho. Como engenheira química, fui a primeira mulher a ser contratada pela Ensinger, em abril de 1998, tendo a oportunidade de me desenvolver técnica e profissionalmente ao longo dos anos, contribuindo com o crescimento da empresa e desenvolvendo minha liderança e competências com muito espaço. Lembro com carinho do incentivo que recebi do meu gestor na época, o executivo Sr. Alfred Moser, bem como do board que compunha a gestão da Matriz e Ensinger Américas no nosso período inicial, marcado pelo planejamento e execução de muitos projetos e trocas técnicas entre Brasil, Alemanha e USA. A presença das mulheres na empresa iniciou em 1998 e vai crescendo até os dias de hoje. Atualmente, as mulheres compõem 28% do quadro de colaboradores. Apesar deste bom resultado (conforme opinião de nossa Matriz), este é um indicador que buscamos incrementar. Nosso modelo de gestão compartilhada da empresa, com a presença equilibrada de homens e mulheres, também é um diferencial, onde destaco a presença dos meus três colegas diretores que, junto comigo, participam ativamente da gestão.
E o futuro?
Temos no momento, prestes a sair do papel, um plano de ampliação da empresa em São Leopoldo que estará praticamente duplicando nossa capacidade fabril nos próximos anos, gerando mais empregos diretos e indiretos e introduzindo novos serviços e tecnologias de transformação plástica a nossa unidade, com impactos positivos em todos nossos parceiros.
Foto: Acervo/Ensinger Brasil