RISCO À SAÚDE

Vermes causam interdição de quadras esportivas na Orla do Guaíba; saiba quais são

Segundo a prefeitura da capital, nova coleta foi realizada por profissionais da Unisinos e resultados devem sair em 20 dias

Publicado em: 29/02/2024 12:51
Última atualização: 02/03/2024 15:14

Os moradores de Porto Alegre e frequentadores da Orla do Guaíba estão impedidos de utilizar as quadras de vôlei, futevôlei e beach tênis, além de uma das pracinhas para crianças no trecho 3. As áreas estão interditadas há cinco meses, quando no final de setembro o nível do Lago Guaíba atingiu e alagou o cartão postal dos porto-alegrenses.

Quadras da Orla do Guaíba estão interditadas desde a inundação de setembro
Foto: Alex Rocha/PMPA

Segundo a prefeitura de Porto Alegre, após a primeira inundação, equipes da Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) efetuaram a coleta de materiais orgânicos e enviaram para análise. O serviço foi realizado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e os resultados mostraram a presença de dois tipos de vermes na areia: Strongyloides stercoralis e Taenia sp (solitária).

Conforme o professor da Escola Politécnica da Unisinos, Victor Hugo Valiati, estes vermes estão associados com as más condições de saneamento básico. “Informamos a prefeitura de Porto Alegre que a possível origem tenha sido em decorrência do avanço das águas durante a inundação, pois, o Lago Guaiba recebe muito esgoto não tratado, não só da capital.”

Sintomas comuns

O professor da Unisinos explica que as formas de infecção são diferentes entre os vermes. “No caso do Strongyliodes é larval. Durante a coleta encontramos adultos, isso é indicativo da existência de larvas antes mesmo da inundação.” Para se contaminar as larvas entram em contato com a pele, principalmente quando as pessoas estão descalço, caso comum em esportes na areia.

Em relação à solitária, a contaminação pode acontecer através da ingestão dos ovos. “Em locais abertos não é o mais comum”, diz Valiati. O professor afirma que os casos mais registrados são por meio de carnes ou alimentos contaminados.

Sobre os sintomas, as pessoas infectadas pelas larvas do Strongyliodes podem ter dores abdominais, geralmente ao redor do estômago e é semelhante a uma dor de gastrite, não sendo grave. Já a solitária se alimenta dos nutrientes consumidos pelo hospedeiro e dentre os sintomas mais comuns estão a tontura, vômitos, apetite excessivo, dores abdominais e diarreia.

Recomendações à prefeitura

Para amenizar os efeitos dos vermes no solo, a prefeitura de Porto Alegre recebeu algumas recomendações dos profissionais da Unisinos. “Se foi um evento isolado, nossa primeira recomendação foi a retirada da areia. Caso tenha uma fonte de contaminação, não vai resolver retirar somente a areia. Seria necessário uma busca por essa fonte de contaminação e monitoramento regular”, afirma Valiati.

Quadras da Orla do Guaíba estão interditadas desde a inundação de setembro devido a presença de vermes
Foto: Alex Rocha/PMPA

O que diz a prefeitura?

A prefeitura da capital comunicou que a retirada da areia ainda é analisada por conta do orçamento. Já a descontaminação química foi descartada pelo município, já que causaria problemas à flora e fauna da Orla do Guaíba.

Uma nova foi realizada na última semana e será novamente analisada pelas equipes da Unisinos. Segundo o Executivo, o laudo deve ser publicado em até 20 dias e após a publicação dos resultados, a prefeitura espera conseguir a liberação das quadras.

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