AGÊNCIA LUPA: ONG de Dunga não teve doações barradas no RS por falta de nutricionista

Circula nas redes sociais um vídeo em que o ex-jogador Dunga afirma que doações de alimentos estariam sendo barradas no Rio Grande do Sul pela Brigada Militar, pois seria necessária a presença de um nutricionista para fazer o acompanhamento. É falso.

Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:

“Não deixam doar comida, dizem que precisa de nutricionista”, afirma Dunga

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul negou que haja restrição da Brigada Militar para a doação de alimentos por falta de acompanhamento de nutricionista. No conteúdo viral, o ex-jogador Dunga afirmou que “as pessoas querem doar comida”, mas a “Brigada [Militar] não deixa” porque precisaria haver um profissional para analisar os itens e também seria necessário saber de onde vieram os produtos. “A informação não é verdadeira. Trata-se de uma fake news”, disse a pasta, em nota encaminhada à Lupa.

No vídeo original, publicado no Instagram do jornalista Thiago Rocha, a legenda menciona a ONG liderada pelo ex-jogador, a “Seleção do Bem 8”. A Lupa não conseguiu contatar Dunga. No entanto, manteve contato com um representante da organização por meio do telefone disponibilizado na conta oficial do Instagram da entidade – ele não informou seu nome à reportagem.

Ao ser questionado sobre o vídeo, o homem afirmou, por meio de áudio no WhatsApp, que as doações não foram banidas, mas existiu “alguma burocracia” para que pudessem ser entregues. “Ninguém falou que foi banido nada. Não está chegando às pontas onde tem que chegar. Teve, no começo, alguma burocracia, só que o povo foi pra cima. E acabou com isso, tá?”, disse. “O nosso foco hoje é atender. Não estamos aqui pra cavar culpado”, declarou. “O Dunga, no calor da emoção, ele fala. E ainda bem que ele é assim, porque daí resolvem-se as coisas”, completou.

O áudio com essas declarações foi, posteriormente, excluído pelo remetente. A Lupa voltou a buscar este integrante da ONG por telefone, WhatsApp e e-mail à procura de mais esclarecimentos. Ao ser questionado novamente sobre o status das doações, em uma conversa por telefone, o mesmo representante da organização afirmou: “Estamos fazendo doações, bastante. Nós não tivemos problema nenhum”. Em seguida, a reportagem fez outras indagações, no entanto, a ligação foi encerrada e novas tentativas de contato foram recusadas.