Pai, você só fala nos Beatles...

 – Imagina, Ricardo, imagina. Sua mãe Eleonora nunca me faz esse tipo de crítica ácida.
– Mas pai, é a toda hora, isso já tá virando obsessão. Saco, tchê!
– Não concordo, João. O fato de termos batizado nossa Husky de Yoko não tem nada a ver.
– É sim, meu veio, na minha opinião, já virou psicose.
– Que nada, Paulinho. Isso é assim mesmo. Cada um com as suas manias. Você tem as suas, e eu tenho as minhas.
– Pai, você precisa ver alguém. Ajuda profissional, eu digo. Vamos marcar uma consulta com o Dr. Epstein?
– Tá maluco, Jorge? Afora eles terem mudado o mundo e recriado a cultura musical, estou isento e ileso. Me sinto totalmente independente. Querem saber de uma coisa, vocês quatro? Nosso relacionamento anda meio tóxico. Quando um começa a regular o outro, dizer como deve agir e o que fazer, a coisa pesa. Tragam-me meus amados netinhos. Eles, sim, elevam o meu astral.
– Pai, o James tá em aula. A Linda, na casa do namorado. O Sean vive no mundo da lua, com seus sonhos astrofísicos, e o Dani é adolescente. Não tá nem aí.
– Que coisa, hein, pessoal. Além de me criticarem injustamente, ainda afastam meus netos de mim. Só mesmo uma torta de morangos para salvar o dia.
– Pai, a gente tem uma novidade espetacular pra te contar: eu e o Julian estamos grávidos.
– Que legal, Bárbara! E a criança já tem nome?
– Sim, sim, pensamos em algo bem original para uma menina: Lucy!
– Adorei, algo bem diferente, né?
– A gente tava bem em dúvida entre Lucy e Julia, mas enfim, achamos que Lucy vai garantir a ela um sucesso maior. Se fosse garoto, estávamos cogitando Pete e Stuart. Mas ia acabar não fechando...