OPINIÃO

Retratos de Bento Gonçalves

Publicado em: 29/09/2023 03:00
Última atualização: 25/10/2023 16:08

Para meio mundo, setembro vale pela primavera e pelos encantos que ela naturalmente contém. Para os gaúchos, no entanto, esse é o tempo de colocar flores ao pé do retrato de Bento Gonçalves. E isso deixa de ser frescura porque o retrato não está visível e as flores estão presas as suas plantas e, sacudidas pelo vento, adornam os campos e as lembranças do Rio Grande.

É o tempo de cultivar o que somos à custa da mais notável personalidade da história rio-grandense. Além disso, é o ponto alto da consagração do cavalo como indispensável personagem no cenário cultural de nosso Estado. E esses ingredientes constroem o Vinte de Setembro que não se costuma chamar de festa, senão de um muito bem elaborado estado de espírito. O Vinte de Setembro sem desfile não existiria se não fosse pelos cavalos e as bandeiras que tremulam montadas na ponta da bota dos cavaleiros: a comemoração perderia em grandeza cênica e em motivação cívica. Os cascos geram o ruído que prestigia a terra e as bandeiras o símbolo de mais uma geração que continua fiel aos valores farroupilhas. O caminhar dos animais riscando o asfalto e os estrépitos de bandeiras assopradas pelo vento, traduzem reflexões históricas acopladas a tempos contemporâneos.

Sendo esse o reflexo cultural rio-grandense da epopeia farrapa o mês de setembro vai além do renascimento de nossas paisagens; aparece como motivo a estimular os melhores compromissos que nos associam ao chão que amaremos sempre. E as bandeiras e os cavalos, como partes dessa memória telúrica, servem de chama para pintar a cor da alma gaúcha.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasGramadoOpinião
Matérias Relacionadas