Operação Illusio II

Após prejuízo a vítimas em Canoas, Polícia Civil prende sete por golpe do bilhete premiado

Ofensiva contra grupo de estelionatários que age em todo o Brasil vai continuar, avisa a delegada: "Só uma vítima perdeu R$ 290 mil"

Publicado em: 04/03/2024 14:20
Última atualização: 04/03/2024 14:21

O caso de uma aposentada de Canoas, que perdeu R$ 290 mil em dinheiro, após ser enganada por estelionatários com o golpe do bilhete premiado, impulsionou a Polícia Civil a promover uma verdadeira caçada aos criminosos.

Delegada Luciane Bertoletti conduziu investigação que terminou em sete presos Foto: POLÍCIA CIVIL/REPRODUÇÃO

Foi em maio do ano passado que agentes da 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas levaram à cadeia os integrantes de uma mesma família que haviam criado uma organização criminosa que se espalhou por todo o Brasil.

O grupo seria responsável por prejuízos na casa de R$ 1 milhão, conforme a apuração da Polícia Civil, somente em Canoas. A ação ganhou desdobramentos na última quinta-feira (29), quando sete foram presos.

A nova ofensiva mirou pessoas que vivem nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, se beneficiando dos golpes ao receber valores como laranjas da organização.

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, que coordenou a apuração, as prisões e contas bloqueadas durante a primeira fase da batizada Operação Illusio levaram a novos nomes que culminaram nesta segunda etapa.

“A investigação nos levou a uma família que já chegou a terceira geração de golpistas”, esclarece. “Eles tem ramificações por todo o Brasil, mas felizmente a polícia consegue se mover muito bem hoje e prender em outros estados”.

Ao todo, foram cumpridas 21 ordens cautelares, entre mandados de busca e apreensão, sete prisões temporárias e bloqueios de contas bancárias. Dos sete presos, foram três no Paraná, dois em Santa Catarina, um no Rio de Janeiro e um em São Paulo.

A investigação esclareceu que os suspeitos convertiam parte do valor que conseguiam com os golpes em moeda estrangeira e outra parte em criptomoeda.

“As criptomoedas acabam sendo mais difíceis de rastrear”, explica a delegada. “Mas o restante das movimentações conseguimos rastrear e chegar ao destino durante o curso da investigação.”

O trabalho, avisa a delegada, continua, já que o grupo segue fazendo vítimas.

“Só uma vítima perdeu R$ 290 mil”, aponta. “Uma outra perdeu R$ 600 mil. É muito dinheiro e vamos continuar indo atrás de que sem aproveita da ingenuidade de algumas vítimas.”

Mentira ao gerente

O conhecido golpe consiste em fazer a vítima acreditar que está diante de um milionário, de uma pessoa com baixa instrução que é portadora de um bilhete de loteria premiado e que não sabe como resgatar o prêmio.

Com isso, a vítima, em troca de receber como recompensa parte do prêmio, é induzida a fornecer dados bancários e um valor como garantia em benefício do portador do bilhete.

Desta forma, os valores são surrupiados das vítimas que acreditavam que seriam recompensadas por ajudar o dono do bilhete a resgatar o prêmio.

Na avaliação da delegada, é importante que a pessoa desconfie de qualquer contato que possa levar a uma suposta premiação que acabe exigindo depósito em dinheiro para ser concluída.

“As vítimas são pessoas instruídas, mas os caras são atores”, adverte. “Eles vão passando a conversa de maneira que a vítima fique convencida que ganhou. Houve um caso em que a vítima mentiu para o gerente do banco para poder ter o dinheiro e repassá-lo”.

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