CANOAS

ONDA DE VIOLÊNCIA: Criminosos queimam carro para eliminar vestígios de assassinato a tiros

Polícia chega ao autor e ao mandante de crime brutal que marcou o bairro Mathias Velho

Publicado em: 20/03/2024 17:14
Última atualização: 20/03/2024 17:33

Em setembro do ano passado, Canoas – assim como hoje – vivia uma crescente onda de violência. Os assassinatos se somavam, deixando, como consequência, um rastro de sangue nos bairros Mathias Velho e Guajuviras.

Corpo carbonizado em Fiat Palio foi um dos crimes mais chocantes do ano passado Foto: BRIGADA MILITAR/DIVULGAÇÃO

No meio da noite do dia 28 de setembro, na esquina da Avenida Rio Grande do Sul com a Rua Tupanciretã, no bairro Mathias Velho, a violência atingiu o ápice, quando um homem foi assassinado a tiros e, minutos depois, teve o corpo queimado em um Fiat Palio.

Seis meses após o crime, a Polícia Civil chega à conclusão do inquérito, garantindo a prisão e o indiciamento não apenas do homem responsável por atear fogo na vítima, mas, também, do mandante do crime.

Titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, o delegado Arthur Hermes Reguse explica que a apuração foi minuciosa e garantiu provas técnicas, bem ao estilo CSI, contra os acusados.

“A perícia do IGP [Instituto-Geral de Perícias] concluiu que a vítima havia sido baleada”, conta. “Depois eles queimaram o carro como forma para apagar qualquer vestígio do crime, mas isso não deu certo”.

Conforme o delegado, a vítima de 33 anos era integrante de uma facção criminosa oriunda do bairro Mathias Velho. O inquérito concluiu que acabou morto a mando de uma liderança por não corresponder na organização.

Um criminoso condenado por quatro homicídios, o suspeito de mandar matar possui 34 anos; já o executor do crime tem 37 anos e uma longa ficha de antecedentes por homicídio qualificado, roubos, furtos e tráfico de drogas.

No vídeo divulgado pela Polícia Civil, é possível ver o criminoso correndo a pé logo após incendiar o Palio, prova que acabou sendo fundamental para levar o suspeito ao indiciamento pela morte.

“Foram desavenças na própria gerência dos negócios do tráfico que acabou resultando na morte”, frisa. “Porém, conseguimos provas técnicas e garantimos o indiciamento por homicídio qualificado, incêndio e ocultação de cadáver”, aponta.

Recado

O veículo incendiado eram um Palio que havia sido furtado em Porto Alegre e circulava com placas adulteradas. Devido à proximidade do quartel, o Corpo de Bombeiros chegou minutos após o incêndio, mas restou bem pouco do carro e do corpo da vítima.

Na avaliação do delegado, o trabalho de apuração serve para ilustrar ser possível chegar aos criminosos mesmo diante de um cenário no qual restavam poucos elementos na cena do crime.

“Mesmo com uma situação de carro incendiado, foi possível conduzir uma investigação qualificada”, afirma. “Isso serve de recado de que não adianta mais incendiar um carro. Se matar e queimar, a Polícia Civil vai investigar, identificar e prender os responsáveis”.

Redução de 7% nos homicídios

O trabalho na resolução dos assassinatos é fundamental para a diminuição de crimes, na avaliação do diretor da Divisão de Homicídios da região metropolitana. Isso porque as prisões e os indiciamentos acabam coibindo novos atentados.

Conforme o diretor, a cidade de Canoas observou uma redução de 7% dos homicídios em 2023 no comparativo com os mesmos 12 meses do ano anterior. A queda se acentua neste início de ano. Houve redução de 13% em janeiro e fevereiro se levados em conta os mesmos dois meses do início de 2024.

“Investigações qualificadas, como a ocorrida neste caso do corpo carbonizado, são primordiais para a diminuição dos crimes, bem como para manter os executores e mandantes bem longe das ruas”, defende o delegado Rafael Pereira Soares.

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