A Polícia Civil acaba de remeter à Justiça o inquérito a respeito do óbito do bebê Pedro Antônio Prado, que morreu engasgado no dia 22 de janeiro deste ano. A diretora da creche Espaço Kids foi indiciada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Foi na manhã do dia 22 de janeiro que o pequeno Pedro Antônio, de apenas 5 meses, foi levado às pressas para atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão. O menino morreria minutos depois.
A apuração do caso foi conduzida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, que chegou à conclusão que a diretora foi a única responsável pela morte do bebê.
Segundo o delegado Maurício Barison, que coordenou a investigação, a causa da morte foi por asfixia, mas não por leite ou qualquer outro alimento. O bebê acabou se asfixiando sozinho no carrinho de bebê.
“Ele foi deixado sozinho em um carrinho e acabou se asfixiando sozinho”, explica. “O laudo apontou que o leite foi uma consequência da asfixia. O alimento foi colocado para fora enquanto a criança tentava respirar.”
Barison explica que a própria diretora esclareceu à Polícia ter pegado o pequeno naquela manhã para cuidá-lo, tirando a criança da professora responsável pela supervisão direta.
“Ela disse que teve uma reunião cancelada e pegou o Pedro para tentar acalmá-lo, porque estava chorando, mas tocaram a campainha da creche e ela foi atender. A criança ficou sozinha no escritório”, esclarece.
A perícia não aponta por quanto tempo o bebê ficou sozinho. A diretora aponta ter sido um atendimento rápido. Sabe-se somente que foi durante esse período que a criança se asfixiou.
“Houve negligência, porque se a criança permanecesse com a responsável direta, estaria sob supervisão”, frisa. “Ao deixá-la sozinha, a diretora assumiu um risco e a resultado foi fatal.”
Sofrimento
O caso causou impacto na comunidade do bairro Guajuviras. Houve revolta de parentes e amigos logo após a ocorrência. Na época, os pedidos eram de justiça para a morte de Pedro Antônio.
A mãe, Nadilaine Prado, e o pai, Joelci Prado, chegaram a organizar uma manifestação em frente à creche na manhã do dia 26 de janeiro. Eles afirmavam que o filho havia sido deixado sozinho e sem supervisão.
Segundo o delegado, o depoimento da mãe da criança foi doloroso mesmo para os experientes policiais. Ao ser ouvida pela Polícia, Nadilaine chorou por mais de uma hora consecutiva a perda do único filho.
Ao saber de comentários maldosos que vêm sendo feitos sobre o caso pelas redes sociais, Barison também lamentou a falta de noção diante de um caso extremamente delicado e que exigiria prudência.
“A mãe é uma vítima diante deste caso”, afirma. “A dor da perda de um filho é algo doloroso e o sofrimento dela exige compreensão. Ela não pode ser culpabilizada por nada do que aconteceu”, completa.
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O posicionamento da Pique Esconde
A reportagem entrou em contato com a creche Pique Esconde Espaço Kids. Por meio de nota, a instituição disse ter sido informada que o caso foi encerrado pela Polícia Civil e encaminhado ao Ministério Público (MP). A Espaço Kids diz aguardar o contato dos órgãos competentes e confirma que a creche continua em funcionamento, já que respeita toda a legislação vigente necessária.