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VALE DO SINOS

"Ele teve uma morte violenta", diz tio de menino que morreu após acidente com viatura da BM em Novo Hamburgo

Para a família, motorista do Prisma que colidiu na viatura deve ser responsabilizado: "Queremos justiça"

Ubiratan Júnior
Publicado em: 29/01/2024 às 23h:15
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Familiares de Miguel Henrique Padilha dos Santos, de 2 anos, estão inconformados pela morte prematura. O velório do menino teve início na noite desta segunda-feira na Funerária Krause, em Novo Hamburgo. O sepultamento está previsto para as 9 horas desta terça-feira (30), no Cemitério Municipal.

Miguel Henrique Padilha dos Santos, de 2 anos, chegou sem vida no hospital após acidente com viatura da BM na noite do domingo (29), em Novo Hamburgo | abc+



Miguel Henrique Padilha dos Santos, de 2 anos, chegou sem vida no hospital após acidente com viatura da BM na noite do domingo (29), em Novo Hamburgo

Foto: Arquivo Pessoal

Para a família, a morte não foi pela crise de convulsão, e sim pela colisão em que a viatura modelo Duster da BM se envolveu e capotou, na Rua Bento Gonçalves, no bairro Boa Vista, na noite do domingo. Três policiais levavam o menino às pressas para atendimento no Hospital Municipal.

No caminho o veículo da polícia foi atingido por um Prisma. “O estado que ele ficou, todo quebrado. Quebrou o pescocinho, perna, braço. Então não foi da convulsão”, afirma Rodrigo Oliveira, tio de Miguel. O corpo passou por perícia, que deve apontar a causa da morte

Imagens mostram acidente com viatura da BM em Novo Hamburgo

Oliveira descreve o sobrinho como uma criança carinhosa e alegre. “Um anjo que ficou dois anos com a gente e agora foi brilhar no céu. Não tinha criança mais querida”, lamenta. 

“Fui imprudência. Queremos Justiça!”

O tio da criança conta que no atestado de óbito consta que “ele teve uma morta violenta”, com diversas fraturas. A Fundação de Saúde de Novo Hamburgo, responsável pelo hospital, já havia confirmado que a criança chegou com politraumatismos. Em nota, o órgão ainda disse a equipe médica tentou reanimá-lo, mas não conseguiu.

Oliveira relata que o sobrinho já tinha um histórico de crises de convulsões e que fazia acompanhamento médico, mas que aguardava consulta com um especialista pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No domingo, antes da crise, a criança assistia vídeos no colo de uma tia na casa onde vivia com a família no bairro Rondônia, próximo ao 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) do Município.

“Como em tantas outras crises, a primeira coisa foi pegar ele no colo e correr à Brigada”, lembra. De acordo com o tio de Miguel, os policiais já tinham ajudado em outras ocasiões. As crises teriam iniciado quando o menino tinha cerca de 8 meses de vida. “Fazia tempo que não dava ataque e crise nele assim. Foi uma coisa do nada”, pontua.

“Estava brincando e em segundos começou a andar em voltas e a gritar. Aí já amoleceu e levaram ele correndo”, relata o tio. A avó do menino o acompanhava na viatura da BM, enquanto os pais, ambos de 21 anos, eram levados de carona por um vizinho para o hospital.

“Fomos bem tratados no hospital, não temos queixa nenhuma. A doutora falou e explicou. Tentaram fazer de tudo, mas a doutora disse que ele já chegou sem vida”, afirma. Conforme Oliveira, a família não teve mais contato com os policiais que tentaram ajudar Miguel, apenas o que socorreu logo após o acidente e levou a criança de carona com um motorista que chegou no local logo após a colisão.

“Ele se ajoelhou na frente da avó do Miguel e pediu perdão: ‘a senhora me perdoa, não foi minha culpa’”, relata. Oliveira salienta que para a família os policiais são heróis que tentaram ajudar a salvar Miguel. “Eles fizeram o serviço por humanidade. Eles foram heróis”, afirma.

Viatura da BM colidiu em dois carros estacionados após colisão com Prisma na noite deste domingo (28) em Novo Hamburgo | abc+



Viatura da BM colidiu em dois carros estacionados após colisão com Prisma na noite deste domingo (28) em Novo Hamburgo

Foto: Silvio Milani/GES-Especial

Sobre o acidente, a família pede por justiça. Para eles, o motorista do Prisma que bateu na viatura deve ser responsabilizado. “Foi imprudência, queremos justiça”, afirma. “É impossível que não tenha visto as luzes do giroflex. Todos sabem que quando tem alguma viatura tem que dar preferência e deixar passar”, completa. 

“Muitos falam sobre direito a seguro DPVAT, mas não queremos isso. Queremos Justiça! Pessoas assim não podem ficar dirigindo”, finaliza. Os policiais que estavam na viatura sofreram escoriações e o ocupante do Prisma não ficou ferido. 

A Polícia Civil instaurou um inquérito. Todos os envolvidos no acidente, parentes da criança e testemunhas serão ouvidos nos próximos dias. 

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