VIOLÊNCIA
"Ele viu tudo": Menino de 7 anos acordou com os tiros que mataram pai e tio em Estância Velha
Saiba como um grupo fardado, armado de fuzis e pistolas, invadiu a casa da família e praticou o duplo homicídio na madrugada desta quinta-feira
Última atualização: 04/04/2024 18:57
Acordado por tiros, o menino de 7 anos saiu do quarto e deparou com o pai morto na sala. Na frente da casa, ficou o corpo de um tio, também executado. “Ele viu tudo. Está chocado”, relata um parente, sobre o duplo homicídio que aterrorizou uma família no bairro Rincão dos Ilhéus, em Estância Velha, na madrugada desta quinta-feira (4).
O crime foi cometido por seis a oito homens, de boinas e fardas militares, que invadiram a residência se identificando como policiais. Portavam fuzis e pistolas.
O bando agiu com precisão. Arrombou o portão do terreno, na Rua Euclides Monteiro, e subiu uma rampa em direção à casa, por volta de 0h30. “É a Polícia. Abre a janela”, gritaram.
Quebraram a porta da sala e foram direto aos dois homens. Mateus de Brito Lopes, 26 anos, dormia no quarto com a mulher, de 28 anos. José Cristiano Garcia, 43, assistia a um filme em outro dormitório com a namorada de 18 anos, irmã de Mateus.
“Tiraram o Mateus da cama, botaram de costas no chão, com as mãos para trás, e o arrastaram até a sala, onde o mataram”, narra uma testemunha. A companheira da outra vítima chegou a baixar o volume da televisão ao ouvir a gritaria dos invasores. “O José ficou de joelhos e foi empurrado até a rua, na frente da casa. Lá atiraram nele”, completa a testemunha.
“Estamos arrasados”
Assustado, o filho de Mateus saiu do quarto e deu de frente com o pai ensanguentado, já sem vida. Trêmulo, foi acudido pela mãe e a tia, também em estado de choque. “Eles fizeram rápido. Mataram e foram embora.”
Mais de 30 cápsulas de calibres 556 e 9 milímetros, de uso restrito, ficaram pela residência e na rua. “A gente não sabe por que fizeram isso. Estamos arrasados”, declara um familiar.
Vítimas têm antecedentes criminais graves
As vítimas moravam há menos de três semanas na casa atacada. Antes, viviam no bairro Rios dos Sinos, em São Leopoldo, cidade onde nasceram. Conforme parentes, Mateus trabalhava com jardinagem e José era reciclador. Segundo a Polícia, os dois tinham antecedentes criminais graves.
Na ficha de Mateus consta homicídio triplamente qualificado tentado, tráfico de drogas, roubo duplamente qualificado, receptação e lesões corporais. O compadre também é acusado de homicídio triplamente qualificado tentado, além de dois homicídios duplamente qualificados consumados, três tráficos, receptação, lesões e ameaça.
Polícia busca imagens entre duas cidades
Segundo o delegado de Estância Velha, Rafael Sauthier, é apurado como e para onde os matadores fugiram. Ainda não há informações sobre carros.
“Por ora não falamos sobre suspeitos e motivação para não atrapalhar as investigações. Ao que tudo indica, foi uma execução.” Sauthier observa que o local passou por perícia. Os agentes buscam imagens de câmeras entre Estância Velha e São Leopoldo.