MAUS-TRATOS

"Me deu quatro tapas na cara": Veja relato de tetraplégico residente da clínica clandestina interditada em Novo Hamburgo

Ação ocorreu depois de uma denúncia anônima de funcionamento irregular e maus-tratos

Publicado em: 28/12/2023 18:13
Última atualização: 28/12/2023 18:13

Um residente da clínica clandestina interditada na manhã desta quinta-feira (28), na Vila Diehl, em Novo Hamburgo, afirma que essa seria a terceira casa que ele reside com as mesmas proprietárias. A primeira teria sido em Portão, e as outras duas em Novo Hamburgo. No local estavam 13 pessoas, entre idosos e com deficiências. A interdição ocorreu depois de uma denúncia anônima de funcionamento irregular e maus-tratos.

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Local de armazenamento de comidas e produtos de limpezaLaura Rolim/GES-Especial
Clínica interditada em Novo HamburgoLaura Rolim/GES-Especial
Clínica interditada em Novo HamburgoLaura Rolim/GES-Especial
Clínica interditada em Novo HamburgoLaura Rolim/GES-Especial
Clínica interditada em Novo HamburgoLaura Rolim/GES-Especial

De acordo com o homem de 41 anos, que é tetraplégico e faz uso de cadeiras de rodas, “a fiscalização batia e elas fugiam”. Ele reclama que necessita de atendimento fisioterapêutico e que o local não fornecia. “Para o meu estado, não era para eu estar aqui. Tenho que fazer fisioterapia, não tinha, nem médico”, revela a vítima, que reside no local desde fevereiro.

Questionado sobre a denúncia de maus-tratos, ele afirma ter sido agredido no rosto após uma das proprietárias visualizar uma troca de mensagens com a sobrinha, em que ele reclamava do calor e da alimentação. “Estava 35°C, eu estava dentro do quarto, sem janela. Ela ficou braba depois que viu as mensagens e veio para cima de mim. Me deu quatro tapas na cara”, revela.

Equipes constataram falta de higiene, falta de alimentação, falta de medicamentos, falta de documentos e local insalubre. As 13 vítimas estavam sendo cuidadas por apenas uma pessoa, estudante de técnico em enfermagem. Conforme o MP, havia idosos trancados em sala. "Idosos ficavam em cárcere privado, trancados nos quartos. [Havia] uns seis idosos”, relata Leny Fisch, presidente do Conselho Municipal dos Direitos e Cidadania do Idoso.

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Durante a ação, uma das idosas informou que "todo mundo usa as roupas de todo mundo" no espaço e que estava há oito dias com a mesma vestimenta.

Contato com familiares

Até o fim da tarde esta quinta, havia ainda quatro pessoas no lar interditado, conforme a Prefeitura de Novo Hamburgo. "No final da tarde desta quinta-feira, ainda havia quatro idosos no lar interditado, para os quais a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SDS) estava com dificuldades em contatar familiares. Caso não consiga até o final do dia, a SDS irá remanejá-los para uma ILPI devidamente regularizada e seguir na busca dos parentes".

Investigação

Três pessoas são apontadas como responsáveis do espaço. Duas saíram quando o MP e a Vigilância chegaram, e um homem que estava no local foi preso em flagrante. De acordo com a Polícia Civil, as duas mulheres serão indiciadas juntamente com o homem preso, e as investigações devem continuar.

A reportagem fez contato com a proprietária do local e não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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