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DA SERRA AO LITORAL

Mulher mantém mãe em cárcere privado para sequestrar e internar padrasto em clínica para dependentes químicos

Crime foi descoberto após vítima fugir pelo forro da casa e ser encontrada por vizinhos em matagal

Ubiratan Júnior
Publicado em: 13/11/2024 às 18h:34 Última atualização: 14/11/2024 às 07h:48
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Um caso de sequestro e internação compulsória que chocou e revoltou moradores de uma cidade da Serra gaúcha teve desdobramento nesta quarta-feira (13).

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Idoso foi resgatado de clínica em setembro  | abc+



Idoso foi resgatado de clínica em setembro

Foto: Reprodução/Polícia Civil

Uma mulher de 56 anos foi encontrada por vizinhos no meio do mato, nas proximidades da própria casa, na região do Vale da Aurora, em Bento Gonçalves. Na ocasião, ela relatou que fugiu da residência, pois teria sido mantida em cárcere privado o dia todo. O marido dela, 67, estava desaparecido.

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O crime aconteceu no dia 27 de agosto, e a Polícia logo constatou que se tratava de um caso de sequestro e cárcere privado. Segundo o delegado Éderson Bilhan, já nos primeiros dias de apuração havia evidências concretas da autoria do crime: a filha da mulher mantida em cárcere.

Conforme a investigação, a mulher, 38, residia com a mãe e o padrasto, que na madrugada de 27 de agosto, recebeu três homens na casa da família. Sob coordenação dela, o trio sequestrou o idoso.

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Ele foi tirado do próprio quarto e arrastado para fora da residência. Enquanto isso, a suspeita conteve a própria mãe para não intervir na ação. Após o idoso ser levado, ela manteve a segunda vítima em cárcere privado, durante o dia inteiro, em um dos cômodos da casa.

No fim daquele dia, a mãe conseguiu fugir pelo forro e foi localizada no matagal. Ele foi levada ao hospital. No dia 31 de agosto, a suspeita foi presa.

O caso teve desdobramentos na manhã desta quarta, quando mais um homem, 42, foi preso no bairro São José, em Porto Alegre, apontado pela Polícia Civil como responsável pelas tratativas da ação criminosa com a filha da vítima.

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E o paradeiro do padrasto?

Mesmo após a prisão da suspeita, o paradeiro do padrasto dela ainda era desconhecido. A investigação seguiu até descobrir que ele teria sido levado pelos sequestradores, de forma forçada, para uma clínica de recuperação de dependentes químicos (álcool e droga) em Osório, no litoral norte.

A internação espantou os investigadores, pois, até então, não se tinha informações de que a vítima era dependente química. “O que se sabia era que ele trabalhava durante o dia todo, e, à noite, social e esporadicamente, tomava algum tipo de bebida antes do jantar”, comenta o delegado.

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No dia 7 de setembro, a investigação apurou que a enteada teria planejado uma internação forçada, e para isso contratou “captadores”, pessoas que são chamadas para fazer a condução de indicados por familiares para uma clínica que aceitaria o referido paciente.

De acordo com a Polícia Civil, dois dias antes do crime, a suspeita manteve tratativas com o líder do grupo de captadores, preso nesta quarta. Os criminosos imobilizaram, amararam as mãos e arrastaram o idoso até um carro no lado de fora da casa dele em Bento Gonçalves. A vítima foi levada até clínica no litoral norte, onde foi obrigado a assinar um termo de internação voluntária.

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No entanto, foi constatado que, apesar da assinatura, a internação não atendia preceitos legais, como a voluntariedade do paciente nem encaminhamento médico ou decisão judicial que determinasse a ação. Ele foi resgatado do local no dia 8 de setembro por policiais da 1ª Delegacia de Bento Gonçalves, que foram até o local averiguar se de fato ele estava lá, como apontava a investigação.

Após o resgate, o idoso reencontrou a família na cidade da Serra. Momento foi marcado por muita emoção em frente à delegacia. 

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A vítima conseguiu escapar pelo forro da casa e foi encontrada por vizinhos em uma área de mato. Para as testemunhas, ela relatou que havia ficado presa na própria casa durante todo o dia.

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Motivação e desfecho

A motivação da enteada para internar o padrasto ainda é desconhecida. “A única pessoa que poderia contribuir seria ela mesma confessando o porquê arquitetou tudo isso. Ela negou do início ao fim”, afirma Bilhan.

A clínica onde o idoso ficou por 13 dias segue sendo investigada pela Polícia Civil. Porém, os responsáveis pelo local, assim com a enteada da vítima e o líder dos “captadores”, presos preventivamente, foram indiciados pelos crimes de sequestro e cárcere privado. Segundo o delegado, os outros dois homens que participaram do sequestro e levaram o idoso para a clínicaainda não foram identificamos, mas a Polícia trabalha para chegar até eles. 

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