VIOLÊNCIA

"Nada vai trazer meu filho de volta, mas quero justiça", desabafa mãe de jovem morto em perseguição policial

Funcionária pública lamenta que uma menina de três anos pede todo dia pelo pai e que outra vai nascer sem conhecê-lo

Publicado em: 11/04/2024 07:15
Última atualização: 11/04/2024 07:45

O motoboy Rafael Gonçalves dos Santos, 25 anos, morto durante perseguição policial no último dia 5 em Novo Hamburgo, era o mais velho dos dois filhos da funcionária pública Maria Cristina Gonçalves, 46. Além da dor da perda, ela vive a aflição da falta de informações sobre como aconteceu.


Rafael Gonçalves dos Santos Foto: Reprodução/Redes Sociais

"Quero saber a verdade. Não tive acesso a nada da parte da polícia, que nem deve saber que eu existo. Nada vai trazer meu filho de volta, mas eu quero justiça. Eles agiram sem saber quem estava no carro, como se estivessem lidando com bandidos. O Rafael nunca teve problema com a polícia."

Ela define Rafael como um "filho maravilhoso”". Lamenta que uma menina vai nascer daqui a dois meses sem a presença do pai. A outra filha, de três anos, pede a todo momento por ele. "O Rafael estava sempre com a minha neta. Está bem complicado. Ela não tem entendimento. Quer ver o pai e ele não está aqui." Nas redes sociais, o jovem compartilhava passeios e brincadeiras com a menina.

Caminhoneiro de profissão, Rafael trabalhava mais recentemente como motoboy. Solteiro, era visto como liderança jovem no Arroio da Manteiga. Na última Páscoa, organizou entrega de presentes para crianças do bairro e arredores. "Era um rapaz trabalhador, divertido. Difícil acreditar que morreu desta forma. Há poucos dias estava distribuindo pacotinhos para a criançada", comenta um amigo.

Em nota, Brigada diz que abriu inquérito

Já a Brigada Militar relutou em passar informações até o fim da noite de sexta, quando se manifestou, após pedidos da reportagem, por meio de uma nota. O comunicado não entra em qualquer circunstância do homicídio. Diz, em síntese, que "foi instaurado inquérito policial militar para elucidar os fatos e eventuais responsabilidades".

A Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo analisa imagens. A chefe do órgão, delegada Marcela Ehler, diz que não pode revelar detalhes para não prejudicar a investigação. Ela não informa se as armas dos policiais foram apreendidas para perícia.

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