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CRIME EM IGREJINHA

VÍDEO: Delegado revela detalhes sobre investigação da morte de gêmeas em Igrejinha

Mãe Gisele Beatriz Dias, de 42 anos, está presa na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, por suspeita de envenenar as meninas

Kassiane Michel
Publicado em: 18/10/2024 às 12h:25 Última atualização: 18/10/2024 às 14h:27
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O caso sobre as mortes das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos, em um intervalo de oito dias em Igrejinha, têm detalhes revelados no fim da manhã desta sexta-feira (18). Pela primeira vez desde o início da apuração, o delegado Ivanir Caliari, responsável pelo inquérito, falou sobre a investigação. A mãe Gisele Beatriz Dias, de 42 anos, está presa na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, por suspeita de envenenar as meninas. 

Delegacia de Polícia de Igrejinha | abc+



Delegacia de Polícia de Igrejinha

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Sobre a apuração do inquérito, Caliari destaca a “coincidência” das duas mortes terem acontecido em um curto intervalo. “Bem como em relação ao fato da mãe estar nos dois momentos sozinha em casa, no momento das mortes das meninas.”

Ele ressaltou também que familiares, funcionários do Hospital Bom Pastor, que atenderam a mãe na ala psiquiátrica em setembro, e representes da escola municipal onde as crianças estudavam foram ouvidos. “O pai sempre tomava à frente em relação às questões de presença e afetividade das meninas [na escola], enquanto que a mãe tinha uma posição mais distante e nunca demonstrou muita emoção.”

De forma parecida, os servidores do hospital trouxeram que Gisele tinha uma conduta “perversa” em relação às gêmeas. “Destacaram que ela somente demonstrava emoção e interesse em relação ao filho já falecido, demonstrando indiferença no que diz respeito às filhas, principalmente as filhas que conviviam com ela.”

Titular da DP em Igrejinha, Caliari disse que em 2023, a mãe denunciou o pai por abuso sexual contra as gêmeas. O crime teria acontecido durante o tempo em que ficaram separados e o pai estava com a guarda das meninas. Porém, a Polícia diz que a mãe mentiu. “No curso do inquérito foi possível verificar, através da perícia do IGP [Instituto-Geral de Perícias], que as meninas foram induzidas a falar, afirmar tal estupro cometido pelo pai.” Posteriormente, a mulher confessou que fez essa denúncia com o intuito de ficar com a guarda das filhas.

A única filha viva do casal, de 19 anos, foi ouvida pela investigação. Durante o depoimento, ela o delegado afirma que ela declarou que a mãe costumava “misturar remédio na comida do pai para que ele dormisse sempre que ela tivesse com algum desagrado em relação a ele”. Mas não há confirmação de que este fato foi apurado pela Polícia.

Além disso, durante os testemunhos apontaram que o casal discutia “por ciúmes da mãe em razão da boa relação do pai com as filhas”. “A mãe reclamava que o marido sempre ficava no lado das filhas quando havia conflito entre elas; Após a primeira morte de Manuela, a mãe não concordava em transferir a casa para a filha Antônia, conforme o pai passou a manifestar essa intenção.”

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A filha disse à Polícia que “não tinha boa relação com os pais já há alguns anos, mas que duvidava que o seu pai tivesse feito qualquer mal para as suas irmãs, tendo em vista que ela testemunhou o quanto ele tinha afetividade e amava essas meninas”. Já em relação à mãe, disse que não duvida que ela pudesse ter feito algum mal para a irmãs.

O delegado falou ainda que três meses antes das mortes das meninas, três gatos apareceram mortos misteriosamente no interior da casa da família. Os animais eram das crianças e há suspeita de que tenham sido envenenados, pois não saíam para a rua. Para Caliari, o envenenamento dos bichinhos pode ter sido “um teste para uma posteriormente intoxicação junto às meninas”. 

No início desta semana, após a morte da segunda menina, foram recolhidos para perícias os aparelhos telefônicos do pai e da mãe para o Gabinete de Inteligência da Polícia Civil, além de alimentos que estavam na residência.

O caso

Gêmeas de 6 anos morrem com intervalo de oito dias após parada cardiorrespiratória | abc+



Gêmeas de 6 anos morrem com intervalo de oito dias após parada cardiorrespiratória

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

As irmãs morreram com um intervalo de oito dias em Igrejinha. Gisele está presa desde a terça-feira (15), data da morte de Antônia. O juiz da 1ª Vara Judicial de Igrejinha, Diogo Bononi Freitas, decretou a prisão temporária da investigada. A prisão tem validade de 30 dias, ou seja, até a metade de novembro, quando poderá ser prorrogada por mais um mês.

A Defensoria Pública atuou na audiência de custódia. Caso ela não constitua advogado particular, a Defensoria Pública seguirá atuando no caso, mas irá se manifestar apenas nos autos do processo, que encontra-se em sigilo.

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Além da prisão de Gisele, a Justiça determinou que o Hospital Bom Pastor forneça à Polícia todos os documentos médicos relativos à mãe das meninas. A mulher esteve internada na ala psiquiátrica da casa de saúde no mês de setembro. Ela ficou cerca de 15 dias. Após a morte das gêmeas, a investigação policial ouviu funcionários da instituição, que relataram que a suspeita falava que iria machucar as filhas.

Suspeita de envenenamento

Há suspeita de que a causa da morte das gêmeas tenha sido envenenamento, segundo a Polícia Civil. “A hipótese principal é intoxicação externa, que pode ser medicamentos ou até veneno”, declara o delegado Cleber Lima, delegado porta-voz da investigação. 

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O pai das meninas foi ouvido na delegacia e liberado. De acordo com o delegado, não há indício de que ele pudesse ter participado do suposto crime. “É descartado pois [o pai] não estava em casa”, diz Lima sobre o momento das mortes. O homem teria chegado em casa e já encontrado a filha desacordada, nesta terça-feira. Assim como na morte da primeira menina.

O delegado destaca que já colheu depoimento de familiares e médicos, que dão conta de que a mãe “estava em surto”. 

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A confirmação da causa das mortes das gêmeas depende de perícia. Os corpos das duas meninas foram encaminhados para necropsia. A Polícia aguarda laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que confirmará a causa das mortes. Procurado pela reportagem, o IGP afirmou que ainda não há previsão de liberação e que trabalha para finalizar todas as análises solicitadas.

O Ministério Público (MPRS) também afirma que o caso ainda é apurado e que “acompanha atentamente as investigações, aguardando os laudos periciais e demais atos e apurações para poder se manifestar”.

Meninas enterradas em Igrejinha

O corpo de Antônia foi velado e enterrado na manhã desta quinta-feira (17) em Igrejinha. A morte da criança, que aconteceu dias depois do falecimento da irmã gêmea, ainda é investigada pela Polícia Civil. 

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Antônia morreu na manhã de terça, após apresentar, segundo o Corpo de Bombeiros, sintomas parecidos com os que a irmã, Manuela, teve antes de morrer, no dia 7 de outubro. Ambas teriam tido parada cardiorrespiratória.

O corpo da menina foi liberado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) por volta das 16 horas desta quarta-feira (16). A Polícia aguarda os laudos para confirmar a causa das mortes. Manuela foi sepultada no mesmo local na semana anterior.

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