ONDE ESTÃO?

CLÍNICA CLANDESTINA: Apenas duas famílias buscaram vítimas; veja como Taquara pretende identificar outros responsáveis

Assistência Social descobriu que todos pacientes moravam em Porto Alegre antes de serem transferidos a clínica de Taquara

Publicado em: 05/10/2023 14:32
Última atualização: 17/10/2023 23:29

Até o meio-dia desta quinta-feira (5), a Assistência Social de Taquara havia localizado familiares de apenas duas das 10 pessoas resgatadas na clínica clandestina descoberta na tarde da última segunda (2).

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Clínica clandestina no interior de Taquara estava sem água há dois dias Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

O irmão de uma das vítimas procurou a Assistência Social imediatamente após saber do caso, e buscou o idoso no lar temporário já na terça (3). Hoje, os irmãos da única funcionária do lar, que estava em cárcere privado e era estuprada duas vezes por semana pelo patrão e pelo enteado dele, irão buscá-la em Taquara para que ela possa retomar a vida junto ao seio familiar, em Porto Alegre.

As informações foram confirmadas por Maurício Souza, secretário de Desenvolvimento Social, Trabalho e Cidadania. Ele também esclareceu que os outros oito pacientes - sete idosos e um adulto em estado vegetativo - foram identificados, mas a equipe da Assistência Social não consegue encontrar seus respectivos familiares. “Conseguimos identificar todos e sabemos que moravam em Porto Alegre antes de serem transferidos à clínica irregular”, esclarece.

O secretário informou que, ainda nesta quinta, a prefeitura de Taquara irá notificar os três Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da capital e pedir ajuda ao Governo do Estado para que auxiliem na identificação dos familiares.

Souza acredita que um dos fatores que possa estar dificultando a localização dos familiares é a notícia de que os familiares dos pacientes poderiam ser responsabilizados por abandono. “Esse tipo de informação, embora essencial, prejudica quando há este tipo de abordagem”, analisa.

Enquanto os familiares não são localizados, os pacientes seguem no lar temporário para onde foram levados após avaliação médica.

Idosos foram encontrados em meio a porcos, galinhas e cães


Debilitadas física e mentalmente, foram levadas ao hospital na tarde de segunda-feira Foto: Polícia Civil/DIVULGAÇÃO

Na tarde da última segunda-feira, uma ação da Polícia Civil resultou na localização de uma clínica clandestina no distrito de Santa Cruz da Concórdia, que fica na zona rural e a 15 quilômetros de distância do Centro da cidade. Ao chegar no local, após denúncia anônima, os policiais se depararam com um cenário de horror, com idosos em condições desumanas, desnutridos, convivendo com porcos, galinhas e cães no mesmo ambiente.

Os alimentos eram escassos e a casa estava há dois dias sem água potável. “Os pacientes estavam sedentos e relataram que passavam fome”, explica o delegado Valeriano Garcia Neto. Os indícios de maus-tratos contra os idosos não pararam por aí. O forte odor de urina e fezes, as condições precárias do lar e até pacientes deitados ao lado de poças de vômito fazem parte deste contexto.

Um morador de Porto Alegre e o enteado dele são os principais alvos da Polícia. Eles é que mantinham o lar clandestino no interior de Taquara. A Polícia chegou a pedir a prisão preventiva de ambos pelos maus-tratos aos pacientes e pela acusação de abuso sexual feita pela funcionária que vivia em situação análoga a escravidão. Porém, o Poder Judiciário negou a medida na terça-feira (3).

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