ROBÓTICA DENTE DE LEITE

Tecnologia faz com que crianças aprendam a utilizar robôs antes mesmo da alfabetização em escolas da região

Disciplina está prevista na matriz curricular da rede estadual e, inclusive, há escolas destaques em competições nacionais sobre o tema

Publicado em: 06/10/2023 03:00
Última atualização: 17/10/2023 23:14

Com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), lançada em 2019, a tecnologia robótica começou a fazer parte da proposta para uma metodologia mais ativa, para desenvolver habilidades e competências mais gerais da BNCC aos alunos. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, a robótica está prevista na matriz curricular da rede estadual e, inclusive, há escolas destaques em competições nacionais sobre o tema, como a Escola Técnica Monteiro Lobato, de Taquara.


Gabriel e João Pedro se identificam com a programação Foto: Fotos Carla Fogaça/GES-Especial

Já nas redes municipais de ensino, a tecnologia é utilizada como atividade complementar, ainda não faz parte da grade curricular. Entretanto, poucas cidades da região ainda não incorporaram a temática. Em Campo Bom, Dois Irmãos e Sapiranga, há atividades com os alunos a partir do terceiro ano do ensino fundamental.

Ferramenta naturalizada

Mas existem municípios que vão além e ensinam robótica na fase dente de leite, ou seja, antes mesmo de aprender a ler, estudantes estão aprendendo a controlar o robô de solo. "Temos o kit com robô de solo que não precisa de programação prévia e nem de códigos de programação. Ele tem botões com comando de frente para trás, direita e esquerda no próprio robô. São desenvolvidas atividades em tapetes recreativos, com os mais diversos temas e de forma lúdica", explica a coordenadora do Centro de Experimentação , Pesquisa e Inovação Científica (Cepic) de Novo Hamburgo, Janaína dos Santos.

Novo Hamburgo é uma cidade que decidiu incorporar as tecnologias desde a educação infantil. Na região, Ivoti e Parobé também aderiram à prática. "A educação infantil faz parte da educação básica e, portanto, entendemos essa etapa como fundamental e estruturante para o desenvolvimento integral das crianças", afirma a secretária de Educação de Novo Hamburgo, Maristela Guasselli.

Fernanda e Ana Clara são da faixa etária 5 e 6 anosCarla Fogaça/GES-Especial
Enzo Samuel de Oliveira se diverte nas atividades de robóticaCarla Fogaça/GES-Especial

Benefícios na aprendizagem

Maristela Guasselli, que também é presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande do Sul, atesta que os benefícios de introduzir a robótica o quanto antes no ensino vão desde noção de esquerda e direita, até na concentração. "A tecnologia, e neste contexto a robótica, configura-se como mais uma ferramenta educacional potente, que favorece o desenvolvimento do pensamento computacional através da observação, levantamento de hipóteses, investigação e resolução de problemas", acrescenta.

O professor Valter Lemos confirma. Conforme ele, em um ano de robótica na Imperatriz Leopoldina, percebe-se que quanto antes introduzir, mais fácil é o aprendizado do aluno. "É um trabalho de inclusão digital, as crianças de 4 e 5 anos já sabem mexer em computadores, notebooks e executar jogos educativos. A tecnologia tem impacto determinante para o desenvolvimento deles", diz.

Conceitos e ideias

As competições de robótica, como as que aconteceram na Feira Municipal de Iniciação Científica e Tecnológica (Femictec) de Novo Hamburgo, em setembro, geralmente acontecem com os alunos a partir do terceiro ano do fundamental. Mas os pequenos já aprendem a competir. "Na educação infantil, trabalhamos a questão de equipe e resolver problemas de forma leve, como brincadeira. Já no primeiro ano do fundamental começamos a tratar melhor os conceitos que vão sendo ampliados conforme as séries", completa a coordenadora do Cepic, Janaína dos Santos.

Fácil e interessante

É visível a satisfação e a facilidade da garotada. "Me interesso muito mais pela programação, porque eu sei que sem esse trabalho o carrinho lá não se move. Então, se não for por mim, nada acontece, além de eu achar bem fácil a programação", diz entusiasmado Gabriel da Veiga, 10 anos, da Emeb Boa Saúde. O colega João Pedro, 9, endossa. "Também gosto e tenho facilidade em programar, mas o Gabriel é o melhor."

A frase "é fácil" é repetida pelos pequenos. Da educação infantil da Escola Imperatriz Leopoldina, em Novo Hamburgo, Enzo Samuel de Oliveira, 4, resume: "Acho fácil porque aprendo brincando. Gosto dos carrinhos e levar eles até o destino." Uma das atividades que faz é conduzir o robô de solo ao destino desejado e levar o lixo no descarte correto. "O controle fica no próprio carrinho, então eles precisam apertar o botão de direita e esquerda até o carrinho chegar ao local certo", explica o professor pedagogo Valter Lemos, responsável pela sala multifuncional da escola de Enzo Samuel.

"Aprendi muito com a robótica e acho legal e fácil", diz Fernanda Carvalho, 5. O professor salienta que através da robótica há também interatividade entre as turmas. "Quem criou o tapete com a atividade do descarte correto do lixo foram os alunos do terceiro ano", explica Lemos.

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