VOLTA DA CHUVA

CATÁSTROFE NO RS: Repique de cheias? Previsão de altos volumes de chuva deixa região em alerta

Prefeituras se preparam para agir em caso de novos transtornos climáticos

Publicado em: 10/05/2024 11:15
Última atualização: 10/05/2024 11:16

A manicure Priscila Luisa Turcatti, 38 anos, sabe que seus familiares ficarão mais dias na casa dela. É pelos noticiários que ela, seu marido e filho de 21 anos, além das famílias que abriga, acompanham as previsões de mais chuvas entre sexta (10) e segunda-feira (13).


Alagamentos já afetaram mais de 1 milhão de pessoas no Estado Foto: Paulo Pires/GES

A previsão é de aproximadamente 200 milímetros de chuva até segunda-feira na Região Metropolitana, nos vales e na Serra. Na casa de Priscila, colchões ocupam diferentes espaços para acomodar todos. "Só posso dizer a eles que mantenham a fé e a esperança. Não tem mais palavras para confortar", diz Priscila.

O alerta meteorológico é acompanhado por municípios da região. Limpeza de bocas de lobo, troca de tubulação, acompanhamento dos rios assoreados com a última inundação, comunicados pelas redes sociais e pessoalmente, pedidos para moradores não voltarem ainda para as casas atingidas e abrigos abertos são medidas apontadas por prefeituras.

"Para chuvas agora, ainda dentro desse evento, não resta muita coisa a fazer, a não ser a retirada imediata das pessoas dos locais já indicados por especialistas de risco de inundações.

As pessoas têm que sair, deixar seus bens materiais, não existe outra solução, infelizmente", observa a professora da Unisinos Luciana Paulo Gomes, doutora em Engenharia Civil na área de hidráulica e saneamento. "O resgate dessas pessoas que ficam para trás é cada vez mais complicado, colocando outros também em risco", complementa.

Do ponto de vista de infraestrutura, Luciana aponta ser urgente resolver a questão da captação de água. "Estamos vivendo dentro d'água, mas sem água potável."

Solo encharcado oferece risco de novos deslizamentos

Além do perigo de inundação, municípios também estão atentos aos riscos de deslizamentos. "O solo está encharcado, e os vazios entre os grãos de terra estão cheios de água, aumentando a possibilidade de deslizamentos, já que tudo se torna menos coeso", analisa a professora da Unisinos.

A supressão da vegetação piora a situação, porque as raízes têm papel importante nesse processo. "É a retirada equivocada de mata ciliar que hoje nos responde com essa catástrofe", analisa a professora.

Das administrações municipais ouvidas, Três Coroas tem seis pontos críticos, com 19 casas em risco. Seis delas estão no bairro Semaco, cinco na Rua Sapiranga do Vila Nova, quatro na Rua Manoel Lopes na Serra Grande e mais quatro no bairro Vila Schell. Ainda há risco no Morro da Corsan, sem casas correndo perigo, e ao lado da torre de alta-tensão, no Centro.

Em Taquara, os pontos críticos ficam na Batingueira e Padilha Velha. O risco fez com que a busca por um desaparecido na Batingueira fosse suspensa.

*Colaboraram: Adriana Tauchert, Ermilo Drews e Taís Forgearini

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