"LUZ & CENA: AÇÃO"
Documentário mostrará a história de um dos mais antigos teatros em atividade do Brasil
Com mais de 45 anos de história, companhia hamburguense Teatro Luz & Cena foi contemplada com projeto da Lei Paulo Gustavo
Última atualização: 02/04/2024 21:13
Fundado em 1978, a companhia Teatro Luz & Cena, de Novo Hamburgo, completou 45 anos de história em outubro de 2023 e agora terá sua história contada através de um minidocumentário. O projeto "Luz & Cena: Ação" foi contemplado no Edital de Fomento ao Audiovisual (Lei Paulo Gustavo) da Secretaria da Cultura de Novo Hamburgo, com recursos do Ministério da Cultura.
Durante 20 minutos, o curta-metragem resgatará a história de um dos grupos de teatro mais antigos do Brasil em atividade. Com orçamento de R$ 60 mil, o documentário tem suas principais gravações nesta terça e quarta-feira, 2 e 3 de abril, na sede da companhia, no bairro Ideal, e em alguns locais públicos de Novo Hamburgo. O roteiro é da cineasta Audrey Daay, que também responde pela direção do filme.
“Conheço a Cia há muitos anos e quando me convidaram para ser a roteirista e diretora, logo pensei em idealizar a essência do grupo, que é esse âmbito familiar, criativo. Então fizemos esse dia de produção, para mostrar como eles funcionam, e representar toda essa jornada de 45 anos, por sua importância do teatro em Novo Hamburgo e no Rio Grande do Sul”, comentou a roteirista.
Profissionalização
O grupo foi o primeiro da cidade a atuar de maneira profissional. As mais de 50 montagens já produzidas circularam em diversos ambientes, como teatros, escolas, prefeituras, empresas e entidades comunitárias. Das remontagens iniciais, hoje o grupo conta com dois dramaturgos que se intercalam na criação de textos originais. A companhia mantém oficinas permanentes de teatro que já formaram diversos artistas, entre eles o humorista Cris Pereira (criador de personagens como Gaudêncio e Jorge da Borracharia).
Há 35 anos no Luz & Cena, o produtor executivo Gerson Ribas, conta que a história da companhia se funde à história do teatro em Novo Hamburgo e a de um de seus fundadores, Lourival Pereira. “Ainda antes de ser Luz & Cena, o Lourival mantinha na Sociedade Aliança, um grupo amador que ensaiava o ano inteiro para fazer três ou quatro apresentações no final de ano”, conta.
A partir disso, Marco Antônio Pereira, filho de Lourival, com 16 anos na época, resolveu profissionalizar o grupo e passou a vender o espetáculo, cobrar ingresso e pagar os atores. No dia 10 de outubro de 1978, a peça “A Árvore Que Andava” estreou no palco do auditório da Biblioteca Pública Municipal de São Leopoldo, com um público de mais de 200 pagantes.
Áreas de atuação
Atualmente, o grupo conta com três elencos, totalizando cerca de 35 colaboradores. A maioria dos espetáculos do Teatro Luz & Cena aborda questões sociais como a preservação do meio ambiente, água, saneamento básico, educação financeira, folclore, temas indígenas, saúde, respeito à diversidade, entre outros. Ao longo dos anos, mais de 400 artistas passaram pela companhia, que realiza entre 400 e 500 espetáculos por ano. O público alvo é principalmente de crianças e o teatro atende a mais de 350 cidades gaúchas, além de apresentações em Santa Catarina e no Paraná.
"Sempre trabalhamos todos os projetos com muita magia e trazendo o lado lúdico para a concepção das crianças e adolescentes. O grupo é caracterizado pelo esforço ininterrupto de levar o teatro a um número cada vez maior de crianças e produzir espetáculos adaptados à faixa etária de público em idade escolar", ressalta o coordenador Marco Antônio Pereira, fundador da companhia ao lado de seu pai.
Na condução, Marco conta com a parceria da Diretora Artística Elisa Machado, há 40 anos no grupo, além de Gerson Ribas. “Esse filme, onde a gente interpreta uma parte e a outra será contata através de entrevistas com 17 convidados, é uma forma da gente imortalizar essa história”, complementa Ribas.
Espetáculos
Em 2022 e 2023, o Teatro Luz & Cena realizou um espetáculo que retratou a história da imigração italiana no Rio Grande do Sul. “Esta foi uma peça que nos colocou diante de grandes desafios, pois é um tema muito desafiador”, diz Gerson Ribas. A companhia também mantém espetáculos de Páscoa e Natal, por exemplo, que lhes permite ter uma agenda de 11 meses de trabalho por ano.
Desde 2003, o grupo trabalha espetáculos para educadores, o que, na visão do produtor executivo, também é um desafio muito grande, pois é necessário dialogar com professores, que possuem um senso crítico mais apurado. “Tivemos também um trabalho chamado Entrevero Farroupilha, focado no olhar feminino durante a Revolução Farroupilha. Do ponto de vista histórico, muitos homens morreram e as mulheres ficaram sem os maridos, criando os filhos sozinhas. Por isso, quisemos mostrar esse outro lado, e é delicado pegar uma história que as pessoas estão bastante acostumadas, e trazer essa outra visão”, finaliza.