O empresário Ismael Isaias Setti, 40 anos, foi preso no Mato Grosso, na tarde desta segunda-feira (13), por lesar pelo menos 70 clientes nos vales do Paranhana e Sinos. Há vítimas também na Serra gaúcha. Ele é dono de uma revenda de veículos em Igrejinha. Segundo a Polícia Civil, aplicou golpe milionário ao vender carros sem o conhecimento dos proprietários e firmar financiamentos fraudulentos em nome de clientes. A defesa do investigado não foi encontrada pela reportagem.
Foto: Reprodução/Polícia Civil
Setti abriu a Letto Car 7 em julho de 2020 na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, bairro 15 de Novembro. Atingiu expansão rápida no mercado. Com um portal de internet atrativo, onde chegou a ter exposição de amplo estoque de seminovos, conquistou clientes de várias cidades. A principal modalidade de negócio era a consignação, em que o dono deixa o carro aos cuidados da loja para venda.
Prejuízo
Durante quase três anos, o comércio fluiu dentro das regras, sem indícios de crime. Os problemas começaram há seis meses. “Em maio, passou a comercializar veículos dos clientes que estavam em sua loja sem repassar os valores para eles, ocasionando prejuízo também aos compradores, pois muitos desses automóveis eram vendidos como quitados quando, na verdade, possuíam restrição de financiamento bancário, o que inviabilizava a transferência”, explica o delegado de Igrejinha, Ivanir Caliari.
Outro golpe, conforme o delegado, era na forma de transações financeiras. De posse de dados de clientes, o empresário teria lucrado com vários financiamentos se passando por eles. “As pessoas tomavam conhecimento após terem as prestações cobradas pelas instituições financeiras por ‘compra forjada’ de veículos”, observa Caliari.
Investigado alega que fugiu por medo de ameaças
Oficialmente, Setti optou pelo direito de se manifestar somente em juízo. Em conversa com policiais no momento da captura, alegou que fugiu porque estava sendo ameaçado. Ele foi interceptado pela Polícia Militar do Mato Grosso na Avenida da Produção, na cidade de Lucas do Rio Verde, a 330 quilômetros da capital Cuiabá no sentido norte, por volta das 18 horas de segunda. Dirigia um Polo com placa de Igrejinha.
Caliari frisa que policiais civis mato-grossenses cumpriram mandado de busca no apartamento onde o empresário estava morando em Lucas do Rio Verde. “Foram apreendidos talão de cheques, cartões bancários, notebooks e telefones celulares. Ele ficará preso na delegacia daquela cidade até a definição da casa prisional”, comenta o delegado. Segundo ele, o empresário não tinha “antecedentes criminais significativos”.
Suspeito não era encontrado desde setembro
Além de vítimas de Igrejinha, há denúncias de clientes de várias outras cidades, como Sapiranga, Taquara, Três Coroas, Canela, São Francisco de Paula e até mais distantes, entre elas Guaporé. O delegado conta que, como o suspeito não era localizado desde setembro, quando as vítimas começaram a procurar a delegacia, foi pedida a prisão preventiva, decretada pelo Judiciário.
“Após intensas apurações durante dois meses, nossa equipe obteve a informação de que o suspeito estava se refugiando em Lucas do Rio Verde”, declara Caliari. Ele acrescenta que houve troca de informações com as polícias civil e militar do Mato Grosso para a captura. “Também foi deferida a restrição de transferência de 63 veículos envolvidos em golpes através da empresa Letto Car 7.”
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