Às 00h06 desta quarta-feira (20) começa o outono de 2024 no Hemisfério Sul. Conforme a MetSul Meteorologia, a estação começa com o Oceano Pacífico ainda sob El Niño, depois de vários anos em que o teve início sob a influência da La Niña ou em fase de neutralidade.
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Foto: Matt/Unsplash
Mas a atuação do fenômeno El Niño deve chegar ao fim nas próximas semanas. “O Pacífico deve deixar de apresentar condições oceânicas de El Niño em meados de abril ou no mais tardar no começo de maio”, ressalta Estael Sias, meteorologista da MetSul.
Contudo, no final da estação ou já no começo do inverno se espera que as condições do La Niña já estejam presentes. Mas mesmo antes do evento ser oficialmente declarado, o surgimento de áreas de águas mais frias do que a média na faixa equatorial do Oceano Pacífico poderão ser observadas durante o outono. Isso ocorre à medida que águas de temperatura abaixo da média do fundo do mar alcançam a superfície, por meio do processo de ressurgência.
E é justamente o comportamento da temperatura no Oceano Pacífico que será determinante para o clima neste outono. “Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Assim, tanto na precipitação como na temperatura os sinais podem ser mistos no decorrer da estação”, destaca a especialista.
Ainda conforme a MetSul, um acentuado resfriamento das águas superficiais no Pacífico Equatorial junto aos litorais do Peru e do Equador é projetado para o decorrer da nova estação. Isso deve impactar o clima no Sul do Brasil, pois as condições tendem a causar maior probabilidade de ingressos de massas de ar frio na região. Mas, como o resfriamento deve ser mais acentuada na segunda metade da estação, os reflexos dele nas temperaturas desse outono não devem ser sentidos nas próximas semanas.
Características do outono
A chegada do outono não significa o fim do calor. É normal que abril, maio e até mesmo junho tenham dias quentes. Em maio, inclusive, quando as temperaturas altas se prolongam, temos o chamado veranico de maio, que não acontece necessariamente todo ano.
A MetSul explica que, de modo geral, o outono possui três períodos bem marcantes e distintos. O primeiro vai até o fim da primeira quinzena de abril e costuma ter dias mais quentes. Já da metade de abril até a metade de maio, aumenta a frequência de dias amenos ou frios. E dali até o fim da estação, a presença de geada aumenta e as características climáticas passam a ser parecidas com as do inverno.
Assim, como uma estação de transição climática, ele é marcado pela grande diferença de temperatura muito rapidamente, sendo um dos períodos do ano com maior amplitude térmica. Frequentemente, quando há céu limpo e ar seco, a temperatura pode variar em até 20°C ou mais no mesmo dia.
Essas bruscas mudanças do tempo e de temperatura são muitas vezes acompanhadas de vento forte do quadrante Oeste, do tipo Minuano, quando um ciclone mais intenso está presente no Atlântico. Esse vento forte costuma vir com ciclones extratropicais, fenômeno esse que passa a ser mais frequente na estação e impulsiona o ar polar para o Sul do Brasil.
Como fica o clima na estação neste ano
Em 2024, para o Sul do Brasil é esperado temperaturas acima da média na primeira metade da estação e uma frequência maior de massas de ar frio na segunda metade.
“A partir de todos os dados de modelos e outros de analogia histórica e teleconexões climáticas, a MetSul espera um outono com predomínio de dias de temperatura acima a muito acima da média na maioria dos estados do Centro-Sul do Brasil”, afirma a meteorologista.
Principalmente nos estados do Centro-Oeste, a temperatura deve ficar muito acima da média. Já em áreas próximas da costa no Sudeste, o outono tende a ser mais ameno. No Sul, o Paraná tende a ter temperatura acima da média para a estação, e Santa Catarina e Rio Grande do Sul devem ter maior variabilidade na temperatura.
“No Rio Grande do Sul, temperatura mais perto da média com possibilidade de desvios positivos menores mais ao Norte do Estado e marcas perto ou abaixo da média em locais mais ao Sul.” No território gaúcho, o Oeste, em especial, é a região com maior propensão a sofrer influência de massas de ar frio durante a estação.
A tendência é que durante o outono não ocorram episódios de frio persistente e muito prolongado, com exceção do último mês da estação, quando haverá mais dias gelados no Sul. Além da formação de geada, não se descarta a possibilidade de neve em junho, embora, como observa a MetSul, esse seja um fenômeno previsível somente em curtíssimo prazo.
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Chuva
No outono, a principal causa da chuva se torna a passagem de frentes frias e centros de baixa pressão. Assim, para este ano, a expectativa é que chova perto ou acima da média para a estação no Sul brasileiro. Já para o segundo dia de outono, nesta quinta-feira (21), está previsto entre 15% e 30% da precipitação média histórica da estação inteira em muitas cidades gaúchas, por conta de uma intensa frente fria que chegará com temporais.
Em outras regiões, como na maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil, a perspectiva é de chuva abaixo ou perto da média no outono. No entanto, há uma exceção: áreas do litoral e próximas da costa de São Paulo e do Rio de Janeiro também podem ter chuva acima da média em decorrência de chuva volumosa associadas a outros fenômenos.