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Jornalista Aurélio Decker morre aos 75 anos em Novo Hamburgo

Lelo começou a trabalhar na área da comunicação no fim dos anos 1960

Publicado em: 16/03/2024 20:42
Última atualização: 16/03/2024 22:37

Morreu no início da noite deste sábado (16), aos 75 anos – completados em 27 de fevereiro –, no Hospital Unimed, o jornalista Aurélio Decker. Lelo era uma figura conhecida em toda a região, especialmente em Novo Hamburgo e arredores, onde focou seu trabalho de comunicador em boa parte dos 55 anos de profissão. Ele deixa seis filhos. O velório está previsto para começar às 7 horas deste domingo, na Funerária Krause.

ARI e Sindicato dos Jornalistas lamentam a morte de Aurélio Decker


Jornalista Aurélio Decker, o Lelo Foto: Arquivo/GES

Lelo começou sua carreira no jornal Zero Hora, em 1969. Passou também pelo Correio do Povo e a extinta Folha da Tarde. Chegou a empreender na área da comunicação com o extinto jornal Folha de Novo Hamburgo. Escreveu no Jornal NH entre 1972 e 2022, onde foi repórter, chefe de reportagem, editor-chefe, diretor de redação e colunista. Também trabalhou na Rádio ABC quando a emissora ainda transmitia em AM.

Pelo Grupo Sinos ele viajou o mundo participando de feiras do setor calçadista e produzindo reportagens. Foi duas vezes à China, viagens que renderam livros. Após sua primeira ida ao Oriente ele alertou que a produção calçadista estava crescendo por lá, o que poderia impactar o setor no Brasil.

O jornalista escreveu seis livros: "Crônicas do Lelo 2"; "China: Ameaça ou Oportunidade?"; "Lucila, uma adorável tia colona"; "Made in China o Dragão Avança"; "Repórter Sitiado, o Dragão Avança"; "Impactos do Câncer". Este último contava sua luta contra o câncer de próstata, há cerca de dez anos. Clique aqui e veja a última crônica de Lelo no Jornal NH e a história do dia que ele pulou do prédio dos bombeiros.


Aurélio Decker, o Lelo, completou 75 anos no fim de fevereiro Foto: Reprodução

Lelo lutava contra um câncer nos ossos

Aurélio Decker vinha lutando contra um câncer nos ossos há pouco menos de um ano. Desde o fim de 2023 estava com a saúde frágil, mas mesmo assim gravava seus vídeos com comentários sobre o noticiário da cidade. Os conteúdos eram publicados nas redes sociais e veiculados na ValeTV.

No dia 2 de fevereiro divulgou um vídeo onde dizia que estava feliz e de bem com a vida. "Sei que daqui a pouco tenho que bater as botas, não vou ficar para semente. Mas não tô angustiado, não tô preocupado. De modo geral, não tenho queixa da minha vida. Me sinto um devedor. Tive uma vida maravilhosa", disse, com seu tradicional sorriso no rosto.

Em 24 de janeiro ele contou, em outro vídeo postado nas redes sociais, que no dia 22 havia feito a penúltima quimioterapia do tratamento. A última estava prevista para entre fevereiro e março, "quando o médico achar que é a hora", brincou.

Há pouco mais de duas semanas Lelo acabou sendo internado no Hospital Unimed para cuidados paliativos. Muito agressivo, o câncer já não tinha mais como ser revertido. Nos últimos dias foi impactado por uma forte infecção urinária, que deixou sua saúde ainda mais frágil. Quatro dias atrás postou em sua página no Facebook que estava sumido cuidando da saúde.


Jornalista Aurélio Decker, o Lelo Foto: Arquivo/GES

"Tô feliz da vida", disse o jornalista em vídeo publicado em janeiro

"Depois da sexta e última químio, a tendência é que eu fique mais fraco. Haverá espaço para medicamentos, mas logo depois irei para o que eles chamam de tratamento paliativo. Talvez lá por maio ou junho eu tenha que me internar para isso. Não é um final entre aspas, é final mesmo. Tomara que demore", sorriu, repetindo que estava bem e sem dor. "Tô feliz da vida."

Neste mesmo vídeo Lelo fala de uma de suas paixões: a chuva. "Nunca escondi meu amor ilimitado pela chuva. Tomava banho de chuva sempre que podia. Adorava fazer molecagem na chuva até pouco tempo atrás. Parei com isso porque preciso me cuidar, minha imunidade não anda muito alta. Nada por aqui anda muito alto", disse.

O cotidiano de Novo Hamburgo e região era outra paixão de Lelo. Em suas reportagens e crônicas ele falava de tudo, de violência a negócios, de zeladoria urbana a casos de antigamente. Suas críticas contundentes, histórias – das ácidas às engraçadas – e cobranças das autoridades repercutiam na cidade.

Certa vez o "velho repórter", como ele dizia, dormiu na rua para contar como era a vida de quem não tinha um lugar para dormir. Em outra oportunidade, ao falar sobre a estiagem, entrou no Rio dos Sinos para mostrar que era possível atravessar de um lado a outro com água pela cintura.


Aurélio Decker, o Lelo, quando dormiu na rua para fazer uma reportagem Foto: Arquivo/GES

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