GOLPE DAS FLORES

Motorista de aplicativo é preso em Novo Hamburgo por fraude milionária contra mulheres em São Paulo

Saiba o que o acusado confessou e o papel dele na quadrilha do centro do País

Publicado em: 23/04/2024 18:39
Última atualização: 23/04/2024 19:21

Um motorista de aplicativo de 38 anos, nascido em Sapiranga e morador de Novo Hamburgo, foi preso no fim da noite desta segunda-feira (22) por fraudes milionárias contra mulheres no interior de São Paulo. Confessou o papel dele na quadrilha, que usava a artimanha de encantar as vítimas para conseguir lesá-las com financiamentos de veículos. É o golpe das flores, que arrecadou mais de R$ 7 milhões desde o ano passado.


Homem de 38 anos foi preso na noite de segunda-feira quando chegava em casa, no bairro Operário Foto: Polícia Civil

Agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo capturaram o motorista quando ele chegava em casa, na Rua Alma Lampert Brenner, no bairro Operário, por volta das 23h30. “Ele não demonstrou surpresa, pois tinha ciência das movimentações financeiras que fazia”, declara o chefe do órgão, delegado Tarcísio Kaltbach.

Mandado distante

O homem foi algemado assim que desceu do carro locado para o trabalho, um Chery Celer preto, no portão da propriedade. O automóvel ficou com um vizinho da pensão onde o acusado alugava um quarto. Ele estava com mandado de prisão preventiva expedido pela comarca de Presidente Venceslau, cidade da região oeste de São Paulo a 565 quilômetros da capital.

 

Convidado por um amigo de Sapiranga que já morreu

O motorista relatou aos agentes que entrou na quadrilha por meio de um amigo de Sapiranga, que tinha comércio de eletrônicos e morreu no ano passado por problemas de saúde. “O preso declarou que esse amigo o convidou a emprestar a conta bancária para receber valores”, menciona o delegado.

Segundo o motorista, eram cerca de dois créditos por mês, na faixa de R$ 20 mil cada, que ele repassava para outras contas por Pix. Ficava com uma “comissão” de 200 reais por transação. Disse que não lembrava dos nomes das pessoas físicas e jurídicas com quem fez as movimentações.

O motorista tentou se defender. Declarou que não sabia que o dinheiro vinha de golpes. Ele foi indiciado em 2020 por estelionato em Porto Alegre. O nome não é revelado por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

Vítimas iam do encantamento à depressão

O chefe do esquema seria o dono de uma revenda de veículos em Presidente Venceslau. Ele conseguia dados de mulheres e escolhia o dia do aniversário delas para aplicar o golpe.

A vítima recebia flores em casa ou no local de trabalho. O entregador dizia que era presente de um admirador secreto e que precisava de uma foto dela para comprovar o recebimento. A selfie também serviria para ela receber um vídeo do suposto fã ou apaixonado.

Encantada com a lembrança, a mulher permitia. Só que, ao enquadrar o rosto na câmera do entregador, acabava autorizando o financiamento de um carro em nome dela. Uma assinatura digital.

A quadrilha definia o veículo de acordo com o poder aquisitivo da vítima. As mulheres só se davam conta que a história do admirador secreto era uma armadilha quando recebiam a primeira cobrança. O dono da revenda sequer tinha os carros negociados.

Os proprietários dos veículos também se tornavam vítimas. Um deles chegou a ter o carro guinchado em uma barreira policial, em razão do imbróglio do financiamento, e processou a compradora, que era uma das vítimas do golpe. A financeira também teria sido lesada.

O dono da revenda, um sócio e o entregador foram presos em março. Agora com a prisão do morador de Novo Hamburgo, fica faltando a captura de outros dois membros da quadrilha.

A captura no Vale do Sinos foi possível a partir de contatos do delegado paulista Edmar Caparroz com o delegado Tarcísio. “É de suma importância os registros policiais pelas vítimas, bem como o repasse de informações entre os órgãos policiais, inclusive de outros Estados, com a finalidade de efetuar as diligências com a brevidade que o caso impõe. Já temos uma grande parceria com a Polícia Civil de São Paulo”, salienta o delegado hamburguense.

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