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Grupo vencedor de leilão assume Parque Knorr em Gramado; veja como ficou área que abrigava Aldeia do Papai Noel

Antiga proprietária desmontou o atrativo turístico; destino das renas também foi definido

Fernanda Steigleder Fauth
Publicado em: 15/04/2024 às 17h:49 Última atualização: 15/04/2024 às 18h:27
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A empresa de Santa Catarina HR Group, que venceu o leilão do Parque Knorr em outubro do ano passado, assumiu na sexta-feira (12) a área tombada municipalmente e onde ficava o atrativo turístico Aldeia do Papai Noel. Por ser protegido via decreto, o patrimônio cultural, histórico e paisagístico são considerados intocáveis – o que não permite grandes alterações e novas construções, por exemplo.

Estado do Parque Knorr após saída da Aldeia do Papai Noel, em Gramado



Estado do Parque Knorr após saída da Aldeia do Papai Noel, em Gramado

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

O empreendimento já estava fechado ao público desde o final de fevereiro, quando a antiga proprietária, a Bom Park, começou o desmonte das estruturas e brinquedos que não faziam parte da proteção cultural, histórica e paisagística e que foram colocadas ao longo dos últimos 26 anos. A marca catarinense até tentou negociar para comprar e manter o que havia no local, mas as empresas não chegaram a um consenso.

A HR Group, empresa que venceu o leilão em outubro do ano passado por R$ 33,8 milhões e que também comprou em 2023 a Prawer Chocolates, tinha pretensão de assumir no dia 26 de fevereiro. A venda estava homologada desde dezembro. Entretanto, a responsável pelo atrativo turístico entrou à época com recurso na Justiça do Rio de Janeiro, através da 15ª Câmara de Direito Privado.

A solicitação, na ocasião, foi de mais tempo para o manejo dos animais exóticos, como os cervos vermelhos, conhecidos como renas, que necessitavam de autorizações do Ibama e da Secretaria do Meio Ambiente do Estado. 

Situação do Parque Knorr

Uma visitação foi aberta à imprensa e autoridades nesta segunda-feira (15), pela HR Group. A motivação da empresa foi apresentar o estado que o Parque Knorr ficou ao longo dos anos e após a saída da Aldeia. 

Durante o encontro, os pontos principais onde existia estruturas foram demonstrados. Estiveram presentes representantes do Executivo municipal, como membros do Meio Ambiente municipal, a secretária da Fazenda Sônia Molon, o secretário da Cultura Joe Cardoso e a presidente da Gramadotur, Rosa Helena Volk. Ainda, vereadores, pessoas da comunidade e conselheiros de entidades, como o presidente do Conselho de Patrimônio Histórico da cidade, Leonid Streliaev, foram até o local.

Ao andar pelo trajeto demarcado, restos de vidro, tijolos e materiais de construção são encontrados. Pedaços de fundações, onde se tinha infraestrutura ou brinquedos, também são percebidos. Próximo ao local onde funcionava a fábrica de brinquedos da Aldeia, duas árvores que ficavam rodeadas pelo prédio estão cortadas. Ainda, uma parte da plataforma que ficava no local foi jogada em meio às hortênsias. 



Objetos que faziam parte de cenários, como por exemplo pequenos pedaços de tijolos onde as crianças colocavam seus nomes, também estão espalhados próximo à entrada do Parque Knorr.

Em relação à casa de Oscar Knorr, protegida pelo tombamento, ela está com os itens originários do espaço. Um levantamento feito através de inventário municipal deve apresentar se há falta de peças pessoais e históricas. 

Já outras estruturas, como rampas de acesso e escadas foram mantidas pela ex-administradora, assim como um dos portões vermelhos. 



Para o diretor executivo da Prawer, José Augusto Freiberger, que acompanhou o encontro, foi lamentável a situação em que o terreno foi deixado. “Sabíamos que a empresa iria retirar tudo que era de direito dela retirar, mas não que deixaria nesse estado. Esta ação, de chamarmos pessoas, para terem uma visão geral, sem filtro, foi com esse objetivo. É triste”, coloca. 

Ele cita as questões que considera como problemas. “Ferro jogado nas hortênsias, a casa tinha falta de cuidado, de preservação. Em frente aonde demoliu colocou entulhos e colocou vegetação supérflua por cima. Além do estado geral do parque, que o mato está tomando conta”. afirma. 

Entrega oficializada via cartório

Um documento com 80 páginas foi oficializado pela Bom Park, na entrega do terreno. A escritura pública de ata notarial foi oficializada via tabelionato de notas de Gramado e conta com mais de 142 fotografias.

Com fotografias anexadas, constata que os “itens estão em muito boas condições de conservação e cuidado”. Entre as estruturas citadas, estão os dois estacionamentos, casa em madeira vermelha, muro de pedra, ajardinamento e grama aparados, pinheiros em boas condições, assim como diversas escadas de acesso. 

Também lista os bens históricos tombados que estão inteiramente preservados. como quadros, cadeira de balanço, luminárias e até canecos. 

“Misto de alívio e de preocupação”

O fotógrafo Leonid Streliaev, presidente do Conselho do Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural de Gramado (Coonphaac), acompanhou a visitação. A colocação de um novo atrativo no local também dependerá da aprovação da entidade. Em entrevista, afirmou como se sentiu ao rever o parque após 10 anos da última ida. 

“É um misto de alívio e de preocupação. Um alívio pelo parque ter saído, a temática não tinha relação com o lugar. Infelizmente, o espaço foi depredado, não foi cuidado conforme merecia. A preocupação na verdade é um anseio, que algo de bom seja feito para preservar e dar uma utilidade”, explica. 

Para esse novo momento, Leonid tem esperança e convicção que o lugar será recuperado. “A marca que está por trás não é poluidora e respeita a cidade. Nesse aspecto, acredito que vão preservar e poderão devolver à comunidade”, afirma.

Ele complementa que, como presidente do conselho, tem um compromisso muito grande pela frente. “O local está tombado, fiz uma série de fotografias da casa. Esse lugar é um patrimônio cultural, onde reside as origens germânicas. Vamos ficar de olho, estamos verificando o andamento da situação. Mas com certeza vamos lutar e muito por isso”, finaliza. 

Dar uma cara nova

A ideia da HR Group é preservar a casa histórica. Em épocas especiais, como Natal e Páscoa, tematizar e decorar o ambiente onde vivia Oscar Knorr. Em entrevista anterior ao Jornal de Gramado, o presidente da empresa, Haroldo Ribeiro, afirma que traria a temática de Natal novamente, além de instalar uma atração de chocolate. 

Não há previsão de abertura ao público. Um portão foi colocado para separar o terreno e o deixar o acesso fechado. Será realizado monitoramento por câmeras e alarmes são instalados. 

No dia 20 deste mês, uma reunião deve definir os próximos passos e a empresa decidir o que será feito. “O que já estamos fazendo é limpar e conservar o que podemos, replantar flores, estamos roçando, retirando entulhos”, comenta José Augusto. 

E as renas?

Presente na visitação guiada, o diretor de Fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Rodrigo Ludwig, afirma que os exemplares de cervo vermelho, denominados pela Aldeia do Papai Noel como renas, foram autorizados a serem remanejados via Meio Ambiente do Estado.

“Elas eram cervos europeus, tinham nome de renas apenas como atrativo turístico. O transporte foi autorizado pelo órgão estadual nesta semana, para irem para o interior do município, em um lugar que tem capacidade para receber elas”, conta. Sobre o estado de saúde dos animais exóticos, o representante da pasta frisa que “a princípio tudo certo”.

Assista ao vídeo

 

 

 

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