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A última crônica de Lelo no Jornal NH e o dia que ele pulou do prédio dos bombeiros

Jornalista Aurélio Decker morreu no início da noite deste sábado; ele lutava contra um câncer

Publicado em: 16/03/2024 22:14
Última atualização: 16/03/2024 22:36

O jornalista Aurélio Decker, o Lelo, que morreu no início da noite deste sábado (16) aos 75 anos, teve uma carreira de comunicador que durou 55 anos. Destes, cerca de 40 foram no Grupo Sinos, seja como funcionário – foi repórter, chefe de reportagem, editor-chefe, diretor de redação –, seja como colaborador com colunas semanais no Jornal NH e comentários na Rádio ABC.

Velório de Aurélio Decker está previsto para começar às 7 horas deste domingo
ARI e Sindicato dos Jornalistas lamentam a morte de Aurélio Decker


Em junho de 1976 Lelo pulou do prédio dos bombeiros em Novo Hamburgo Foto: Arquivo

Lelo ajudou a contar uma parte importante da história de Novo Hamburgo e região, com olhar muito atento às questões do cotidiano. Falava de economia e negócios, mas também da zeladoria urbana e questões sociais. Uma de suas últimas crônicas publicadas no Jornal NH, em julho de 2022, foi sobre a falta de um posto do Instituto Médico-Legal (IML) na cidade (leia abaixo). O problema segue sem solução.

Ao longo da carreira, Lelo viajou o mundo para acompanhar a expansão do calçado brasileiro. Foi à China duas vezes mostrar a expansão da produção por lá, o que causou grande impacto na economia regional. Entrou no Rio dos Sinos para mostrar que, com o nível baixo, era possível atravessar a pé, e dormiu na rua para contar como é a rotina de pessoas que não têm um teto.

Uma das tantas histórias que Lelo contava às gargalhadas, e sempre com orgulho, aconteceu em 4 de junho de 1976. O então repórter foi cobrir a demonstração de um novo equipamento que o Corpo de Bombeiros da cidade passaria a utilizar em caso de emergência nas alturas: uma rede para evitar que eventual vítima caísse no chão.

E qual foi a ideia de Lelo? Pulou do alto do prédio dos bombeiros para mostrar como a tal rede funcionaria na prática. Foi um acontecimento, o assunto daqueles dias em Novo Hamburgo e um capítulo da história cotidiana local. "Lelo sempre foi um operário da notícia, indo onde muitos não se atreveriam", escreveu neste sábado o historiador Paulo Daniel Spolier.

Relembre a última crônica de Aurélio Decker no Jornal NH, em julho de 2022

Se os vereadores de Novo Hamburgo fossem combativos, defendendo interesses da comunidade em primeiro lugar e não priorizando temas de interesse próprio, a cidade estaria melhor representada.

Se os deputados que deveriam defender Novo Hamburgo trabalhassem mais pelo nosso município, em busca de melhoria na qualidade de vida, seria muito bom. E se a Prefeitura de Novo Hamburgo fosse menos "amiguinha do governador" e pressionasse mais o governo do Rio Grande do Sul, a cidade também estaria melhor.

Querem um exemplo?

Todas as pessoas que morrem em Novo Hamburgo por causas não naturais precisam ser removidas até Porto Alegre para os exames de necropsia no Instituto Médico-Legal (IML). Mas Novo Hamburgo já teve este serviço e, aliás, funcionava muito bem. No entanto, há quase uma década o nosso Posto Médico-Legal (PML) foi fechado. O serviço funcionava junto ao Cemitério Municipal.

Os familiares dos falecidos de Novo Hamburgo levados pelo Estado para exames em Porto Alegre precisam gastar dinheiro com os custos da remoção dos corpos e, mais do que isso, sofrem com a demora na liberação do corpo.

Isso acontece porque Novo Hamburgo entra na fila dos atendimentos de Porto Alegre e de inúmeras outras cidades da região. Há um inegável represamento que causa muitos transtornos - problema que no passado não havia aqui. É um tema que merece e precisa ser enfrentado. Novo Hamburgo não está involuindo, mas às vezes dá a impressão que sim! Aí está uma tarefa urgente a ser enfrentada.

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